Em 1517 chegaram a Portugal, enviadas pelo imperador
Maximiliano I, as relíquias do corpo de Santa Auta, uma
das onze mil virgens que terão acompanhado Santa Úrsula
na sua viagem e martírio em Colónia. D. Manuel quis que
recolhessem à Madre de Deus, mas o papa apenas autorizou
o culto da obscura santa em 1521, e, assim, no ano seguinte,
a rainha D. Leonor mandou edificar, no claustro conventual,
uma capela a ela dedicada, para a qual terão sido executadas
estas pinturas. O formato e a disposição atual das obras
resultam de transformações posteriores: duas pinturas foram
unidas e alteradas para formarem um painel semicircular, que
foi colocado sobre a porta da capela, e dois painéis pintados
de ambos os lados foram usados, no século xviii, como portas
de um armário na sacristia. Originalmente, o conjunto estava
associado a um cofre com as relíquias da santa e formava duas
sequências narrativas, uma com quatro passos da história
e martírio de Santa Úrsula e outra com dois episódios alusivos
à trasladação e à cerimónia da chegada das relíquias de Santa
Auta, nos quais D. Leonor se encontra retratada. Estes painéis
têm grande interesse, por representarem o Convento da Madre
de Deus antes da sua transformação.
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