A obra de José de Almeida situa-se entre a tradição da imaginária portuguesa e a estatuária classicista do tardobarroco aprendido em Roma, por volta de 1718-1728, em que o desenho constituía o fundamento do processo criativo. Este Santo Onofre, esculpido depois do regresso a Lisboa, figura o eremita na madeira deixada na sua crueza material, por policromar e estofar, em total domínio da composição do corpo. Os entalhes — da veste de folhas de palmeira entrelaçadas, dos cabelos e da cabeça — são, por sua vez, ensaios estéticos sobre a luz na escultura, cuja qualidade motivou a utilização da peça como modelo na Aula de Escultura da Academia de Lisboa.