A composição desta estela de calcário de topo arredondado, desenvolve-se em dois registos. O registo superior mostra um santuário, onde estão sentados em seus tronos, o rei Ahmés, fundador da XVIII dinastia, e a rainha Ahmés-Nefertari. O faraó exibe a coroa «kheprech», segura na mão direita o símbolo «ankh» e na esquerda um ceptro real. A seu lado, a rainha exibe um toucado composto por uma coroa de altas plumas, e envolvendo o faraó, com o braço esquerdo, numa atitude intimista, bastante comum nas representações de casais. Diante de ambos está uma mesa de oferendas, repleta de virtualhas. No registo inferior, o escriba Iri, ajoelhado, faz uma prece, a qual aparece inscrita de hieróglifos à sua frente. Quer as figuras do rei e da rainha, o santuário, o altar de oferendas e os vasos, bem como o escriba, em baixo, foram executados em suave relevo, enquanto os hieróglifos e as linhas verticais de separação foram incisos. Há vestígios de policromia nos caules verdes que rematam as oferendas sobre o altar no corpo do escriba, que de acordo com os cânones, foi feito com uma tonalidade acastanhada, nos hieróglifos a preto e nas linhas separadoras vermelhas.
O Santuário dá-nos um bom indício de um dos cânones da arte egípcia, o desvirtuamento da realidade para melhor percepção daquilo que é representado – na realidade, o santuário era fechado de lado, mas aqui é mostrado como se fosse transparente para observarmos as figuras no seu interior.