Rua estreita de Capri com representação das paredes caiadas do casario sob a luz intensa mediterrânica. Composição estruturada nos planos ortogonais dos alçados, sobre uma linha longitudinal de rua que sobe, em patamares e escadaria, curvando para a direita. Numa paleta de cores reduzida onde predominam os brancos, ocres e azuis, o pintor procura os efeitos da luz sobre as superfícies planas, interrompidas pelas aberturas de portas e janelas marcadas pela projecção das sombras. A perspectiva é aqui muito vincada nas linhas de fuga e os arcos de ligação entre as duas faces do casario, além de a acentuarem, marcam a profundidade e a sucessão dos planos. Em contraste com todo o resto estão as duas aberturas do último plano, a porta e a janela sobrepostas, a negro, significando o vazio da sombra ou da ausência de luz. Um outro aspecto, que é frequente neste tipo de composições urbanas de Pousão, é a presença de breves apontamentos de vegetação, normalmente em vasos nas sacadas das janelas, aqui muito sumariamente sugeridas em breves pinceladas de verde. Resta ainda um aspecto particular que referencia esta composição a um lugar específico, a entrada do albergue onde Pousão se hospedava, propriedade de Nicola Ferace, cujo nome se inscreve na parede do fundo, só parcialmente visível.