Esta obra data do período de formação de Almeida Júnior na Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro. Trata-se de um exercício acadêmico de pintura histórica em que o pintor copia uma obra de seu professor, neste caso, Victor Meirelles. A obra de Meirelles, por sua vez, também é cópia de uma pintura, de autoria do artista italiano Guido Cagnacci, cujo original encontra-se na coleção da Accademia di San Luca, em Roma. Meirelles estudou nessa instituição no período em que residiu na Itália como bolsista do governo imperial, entre 1853 e 1856, e provavelmente executou sua cópia do "Tarquinio e Lucrezia" de Cagnacci sob orientação dos professores Tommaso Minardi e Nicola Consoni. A cópia de Meirelles é uma versão bastante reduzida do original de Cagnacci. O episódio narrado se passa em 509 a. C. e sua fonte literária mais importante é o livro do historiador romano Tito Lívio (59 a. C. - 17 d. C.), conhecido como "Ab urbe condita" [História de Roma desde sua fundação]. Nessa obra, Tito Lívio conta a história de Lucrécia, esposa de um cônsul romano cuja beleza e castidade despertam uma paixão incontrolável em Sexto Tarquínio, filho do rei de Roma. Tarquínio se aproveita de sua situação de hóspede na casa de Lucrécia para violentá-la sob ameaças de morte, caso houvesse resistência, dizendo que deixaria a seu lado o cadáver de um escravo degolado e nu para que ela fosse acusada de ter sido surpreendida em adultério. O momento escolhido para a representação é justamente o do assédio, quando Tarquínio ameaça Lucrécia com um punhal, forçando-a ao ato sexual. Mortificada pela perda da honra, Lucrécia se suicida depois de obter do pai e do marido um juramento de vingança. O suicídio de Lucrécia foi o estopim de uma revolta popular que levaria à queda do governo dos Tarquínio e à instauração da República Romana.