Numa atmosfera de densas zonas de sombra, misturam-se as ruínas de imponentes edifícios da Antiguidade, com o comezinho quotidiano de um grupo de pobres que se movimenta com os seus animais e adereços. Em verdade, as ruínas nos arredores de Roma eram frequentemente local de habitação das pessoas mais humildes e a sua representação, ao mesmo tempo que mostrava ao observador a grandeza dos vestígios da antiga Roma, sublinhava uma reflexão filosófica sobre a passagem do tempo e a transitoriedade dos impérios e das glórias humanas, opondo riqueza e pobreza, eterno e efémero e, de forma plástica e metafórica, luz e sombra. Hubert Robert trabalhou em Roma entre 1754 e 1765 e aí ganhou um fascínio pela pintura de ruínas que marcou toda a sua obra. Esta pintura foi doada ao Museu pelo colecionador Calouste Gulbenkian, que a comprara em Londres, em 1921, desconhecendo-se o seu anterior percurso.