Claude Monet é um dos pintores mais emblemáticos do impressionismo. Os artistas desse movimento modificaram radicalmente a maneira de fazer pintura na segunda metade do século 19, afastando-se das convenções das academias de belas-artes. Pintando ao ar livre, tentavam captar a experiência de estar na natureza, sua luminosidade e seu efeito nas cores. Monet pintou A canoa sobre o Epte quando vivia em Giverny, pequena cidade próxima de Paris, onde se fixou em 1883 e passou grande parte de sua vida. O rio Epte beirava a propriedade onde vivia com sua segunda esposa, Alice Hoschedé, e seus filhos — incluindo as meninas que aparecem na pintura, Suzanne (1868-1899) e Blanche Hoschedé (1865-1947), filhas de Alice. Na pintura, chama a atenção o singular enquadramento da imagem, que não apresenta a barca por inteiro. O uso desse tipo de composição remete às gravuras japonesas dos séculos 18 e 19 (chamadas ukiyo-e) que Monet colecionava, um universo visual que alimentou sua obra. O corte abrupto da canoa também funciona como uma espécie de enquadramento fotográfico, trazendo a sensação de movimento. O eixo diagonal criado pelo barco a remo organiza a tela entre a parte superior, mais figurativa, e uma porção inferior, as águas, mais gestual, quase abstrata — como se a obra já anunciasse elementos das pinturas feitas por Monet no fim da vida. As marcas aparentes do pincel se transformam no fluxo da correnteza, e a sobreposição de traços em vermelho, amarelo e lilás cria um efeito de transparências e reflexos na superfície líquida. — L.C.
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