Jardim e casa cor-de-rosa

Carlos Reis frequentou a Academia de Belas-Artes de Lisboa, desde 1881, pouco tempo depois de Silva Porto ali ingressar como professor da disciplina de paisagem. Completou os seus estudos em Paris tendo regressado a Lisboa para substituir o professor de paisagem da Academia, Silva Porto, entretanto falecido. A longa vida de Carlos Reis, que viveu até 1940 e, principalmente, as suas opções estéticas, fazem com que lhe seja atribuída grande responsabilidade na manutenção de uma estética naturalista, fiel à matriz fundadora do registo de ar livre oitocentista, para além de todos os limites temporais razoáveis. Nesta que foi uma realidade da cultura artística nacional, Carlos Reis foi acompanhado por muitos dos artistas seus contemporâneos e seguido de perto pelos seus discípulos. Contudo, cada um destes pintores tardo naturalistas seguiu a seu modo novos conceitos e técnicas artísticas fazendo percursos distintos e muito personalizados. Nesta obra, o pintor representa um trecho de jardim junto a uma casa (uma grande casa como se adivinha pela parcela visível do lado esquerdo), que preenche toda a superfície do quadro, com exuberante vegetação rasteira nos primeiros planos e com árvores de maior porte ao fundo. Próximo do centro da composição está representada uma figura feminina abrigada do sol intenso por uma sombrinha vermelha: a pequena dimensão da figura, por contraste de escala, confere maior imponência à envolvente de paisagem. Como em outras obras do pintor, este registo de paisagem é confinado a um espaço fechado, limitado pelos grandes planos da casa e da densa vegetação.