A proposição do artista diz respeito a uma pequena população de uma dezena de arbustos do antigo hospital que poderiam ter sido condenados à destruição. Para evitar de condenar essas árvores ao desenraizamento, o artista propôs salvá-las e tratá-las, replantando-as em novos e grandes vasos. Um dos aspectos do cuidado consiste em tirar algumas de suas folhas para facilitar a recuperação e evitar que elas não se cansem muito. A segunda etapa consistiu em cobrir os troncos e as folhas com ouro. Posteriormente, a árvore poderá ser replantada no solo e ter suas folhas pintadas de ouro todos os anos. A atenção particularmente dada à árvore, com o douramento da folha, inverte o olhar que temos sobre as árvores comuns sem qualidades particulares, todas celebrando e sacralizando o vegetal. Ao gerar um sentido e uma poética nova, o resultado é um desvio dos principais códigos da cultura do luxo. O símbolo da árvore associado ao do ouro retoma a árvore de luz e a árvore inversa presente em várias tradições, notadamente na Índia onde a árvore de luz é um elemento de transição entre a morte e a vida (o inverso e o justo). Na fechadura desses dois mundos, ela representa a chave de passagem de um a outro, e a saída do cosmo para a iluminação. Michel Blazy é um dos pioneiros na introdução de elementos vivos na obra de arte. É um dos inventores de uma arte qualificada como “orgânica”. Há mais de vinte anos, ele se inspira nos biótipos e nos ecossistemas. Um de seus desafios é re-polarizar a criatividade artística nos seres vivos, na vida, como a corromper as obras mortas, reconectando a arte ao ciclo da vida.