A composição desta ampla pintura retoma a descrição do Juízo Final do Apocalipse de São João, mas com interessantes inovações narrativas e iconográficas. As almas pescadas do mundo dos mortos, em baixo à direita, sobem para uma espécie de palanque num movimento de narração já comparado ao teatro litúrgico e daí, julgadas e acertado o seu destino, projetam-se no inferno, à esquerda, ou caminham para a Glória onde são acolhidas na Corte Celestial.
Um largo pórtico renascentista, onde estão figuradas as Virtudes, marca a passagem para esse mundo dos eleitos. Também é particularmente interessante que a tradicional «psicostasia», ou pesagem das almas, tenha sido aqui substituída pela análise contabilística das ações do julgado, vistoriadas nos livros de demónios e anjos.