Excelente exemplar de uma atenção ao pitoresco que não fascinou Lupi, a avaliar pela quantidade de pinturas que realizou dentro do género, mas que aqui tem a particularidade de apresentar dois escravos angolanos que serviram Serpa Pinto nas suas viagens. Um certo conflito está presente entre o fundo abstracto, esboçado, de cor neutra, executado dentro dos parâmetros académicos e o colorido dos trajes, vibrante e prenunciador de uma paleta de ar livre que Lupi viu em Paris e admirou.
O facto de esta pintura estar inacabada torna-a reveladora do procedimento técnico do pintor. Assim, sobre um fundo neutro, a tinta é colocada por camadas esponjadas e espessas, com uma cor por vezes pura que estabelece contrastes complementares, definindo as zonas luminosas e deixando as áreas sombrias e penumbrosas mais informes e tonais. A aprendizagem clássica com a pintura da escola veneziana e especificamente com a de Ticiano, terá sido capital para Lupi. (Pedro Lapa)
Tem interesse em Visual arts?
Receba atualizações com a sua Culture Weekly personalizada
Está tudo pronto!
O seu primeiro canal Culture Weekly chega esta semana.