O Dr. Anastácio Gonçalves adquiriu do pintor João Vaz, além de marinhas, duas obras de interiores de igrejas portuguesas: o da Igreja Matriz de Viana do Alentejo e este Púlpito de S. João, da Igreja de S. João Baptista em Tomar. São obras executadas na observação direta do motivo e em que João Vaz explora a espacialidade de interiores arquitetônicos.
O Púlpito de S. João, vazio, representado com fidelidade, destaca-se numa composição onde forças e equilíbrios sobretudo verticais se articulam com um percurso pelas escadas que lhe dão acesso e o espaço em redor a esse eixo central, seja o arco conducente à capela lateral por detrás, seja a atenção do nosso olhar ao recair nas duas figuras ajoelhadas, sob uma lamparina suspensa do tecto. Mais que um trabalho visual, muito menos cenográfico, João Vaz traduz plasticamente a experiência espiritual associada ao tema.