O tema da leitura foi objeto de diversos trabalhos bem conhecidos do artista, pelo que assume, nessa medida, um papel relevante na sua obra. A pintura constitui não só um excelente exemplo da qualidade intimista de Henri Fantin-Latour, sempre fiel a um ideal sóbrio de representação, de sentimento realista, como introduz o observador no seu universo de eleição, um ambiente doméstico poético e sonhador, de contornos vagamente melancólicos.
À esquerda da tela é possível identificar Victoria Dubourg, futura mulher do autor; à direita, impõe-se a figura enigmática de Charlotte Dubourg, que fixa intensamente o observador e/ou o pintor. Saliente-se que esta aparece com alguma regularidade na sua produção, tendo sido realçada a possibilidade de ter existido uma «cumplicidade silenciosa» entre modelo e artista. Outro aspecto significativo da composição resulta do isolamento interior que separa as duas irmãs. O contraste entre a superfície iluminada e a zona mais sombria do quadro, onde as figuras se encontram posicionadas, acentuam a ambiguidade que se pressente entre proximidade e distância, conferindo à cena a sugestão de uma inquietação «mental» contida, igualmente presente em outros retratos do pintor.
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