Composição com uma figura de rapariga de pé, em posição frontal, encostada a uma parede. Tem o cabelo negro e a tez escura, a parte superior da cabeça é coberta com um lenço de xadrez preso na nuca. Em volta do pescoço, cruzada sobre o peito, tem uma faixa clara contrastante com o pequeno colete negro. Em volta da cintura traz um avental azul de pregas cuja parte inferior está enrolada até à altura da anca. Sob a saia longa veem-se os pés descalços. À esquerda há um tufo de vegetação (cactos ?) ou feixe de lenha, num plano mais aproximado que o da figura, em pincelada solta, apenas com a mancha modelada. Pousão conferiu à cabeça, braços e mãos um tratamento verdadeiramente naturalista, muito distinto do dado à parede do fundo, a vegetação, a terra ou mesmo a roupa da figura. Nos primeiros a tinta cuidadosamente espalhada aprofunda detalhes, a modelação dos volumes e a expressividade. Na parede branca do fundo Pousão explora até ao limite o potencial plástico da cal enegrecida, da superfície tosca, irregular e em desagregação, através de uma gama muito ampla de brancos, em pinceladas irregulares, desordenadas e em pequenos empastamentos pontuais. Nas falhas do reboco branco revela-se o ocre da parede por baixo, semelhante ao ocre do chão, harmonizando em tons toda a metade inferior da composição. A figura parece colada sobre este fundo, dada a quase total ausência de marcação de sombras e por outro lado pela posição estranha das mãos, que contraria uma suposta posição de repouso, em que o corpo estaria apoiado na parede.