Com esta escultura, a obra de Franco encontra uma nova poética consentânea com valores mais classicizantes, próprios do início da década de 20. O corpo mimetisa troncos de árvores e nessa ambiguidade corpo/tronco constitui-se como metáfora de si mesmo. A arquitectura das massas bem equilibradas, quase hierarquicamente entendidas como puros valores escultóricos, aproximam-no de Bourdelle, que será o seu mestre de entre os contemporâneos, no entanto os cortes que fragmentam a peça, sobretudo o da cabeça, evocando uma memória arqueológica, têm ainda presente a lição de Rodin. Assim, o próprio acidente, como é o caso das orlas salientes do corte da cabeça, é integrado e torna-se participante nos valores escultóricos. Esta situação ajuda a centrar a concentração visual no próprio corpo. A textura rugosa da carnação anima a qualidade da superfície dos volumes e permite-lhes uma frontal recusa do naturalismo oitocentista. Os seios suavemente apontados vêm dar uma jovialidade ao corpo e velam o pressuposto erótico que se adivinha na pose. (Pedro Lapa)