Como a maioria das peças em porcelana, destinadas ao «serviço da mesa», também esta foi buscar a sua forma às das grandes baixelas de prata contemporâneas. Trata-se de uma peça circular, de bordo recortado, munida de um pequeno pé central, com decoração reservada, sobre fundo azul escuro, enriquecido com motivos dourados. Nas reservas, pintadas por Charles-Éloi Asselin, estão representadas cenas mitológicas copiadas ou inspiradas em gravuras e desenhos da época. Confundida por vezes com um fruteiro, esta peça podia, no entanto, ser utilizada para a apresentação de quaisquer outras espécies ou pequenos objetos.
A salva que aqui vemos faz parte de um célebre serviço encomendado por Luís XVI à Manufatura Real de Sèvres, e que hoje pertence, na sua quase totalidade, às coleções da coroa inglesa. Destinado a ser utilizado nos seus aposentos privados em Versalhes, Luís XVI empenhou-se pessoalmente a sua produção, iniciada em 1783, tarefa que apenas viria a ser interrompida, com a sua execução, em 1792. Esta terá sido uma das últimas peças a ser executada, uma vez que consta da última remessa, entregue em Versailles imediatamente após a morte do rei.