- Pintura representando São Tiago, o Maior, sentado num rochedo ao centro da composição, envolto num manto vermelho e exibindo as insígnias de peregrino, a vieira, o chapéu e o bordão. O Apóstolo surge aureolado, numa alusão à sua santidade. O ato da leitura é reforçado pela presença retórica do indicador da mão esquerda, que aponta uma página da Sagrada Escritura. No plano fundeiro, de perspetiva hesitante, representa-se uma paisagem rochosa e agreste, com vegetação rasteira. Tal como sucede nos painéis alusivos a São Bartolomeu e a São Tiago, também destinados ao retábulo da igreja matriz de Cassurrães, identifica-se o formulário típico de Gaspar Vaz, especialmente na caracterização fisionómica dos rostos, nas mãos e pés de dedos nodosos ou na execução pictural mais rápida e simplificada de toda a pintura.
- São Bartolomeu segura o seu atributo pessoal, o cutelo, de onde pendem os grilhões que agrilhoam o demónio deitado junto dos seus pés. Segura o livro dos Evangelhos, para o qual dirige o olhar. Na conceção da figura, na caracterização fisionómica muito marcada do rosto, na forma longa e nodosa dos dedos da mão e dos pés, identifica-se o processo de Gaspar Vaz e a sua inefável tendência para seguir a pintura personalizada do seu mestre.
- Sentado numa elevação de terreno de tons acastanhados, São Pedro traja uma túnica verde e um manto vermelho. De cabelos e barba grisalhos, que molduram um rosto caricatural de olhar absorto, exibe o Livro aberto, sustentando com a outra a chave do céu, seu atributo pessoal. Tal como as figuras de São Bartolomeu e São Tiago do mesmo retábulo, a figura segue de perto os tipos humanos criados por Vasco Fernandes nos grandes retábulos destinados à Sé de Viseu. Todavia, algumas diferenças sensíveis na conceção da forma e nos procedimentos técnicos, denunciam a autoria de Gaspar Vaz, o seu principal colaborador.