Representação de um aspecto de fachada de casa rústica, centrado numa janela com persianas azuis. O objecto principal desta pintura, aparentemente inacabada, é constituído por uma série de panos de parede branca com aberturas e ângulos marcados pela projecção das sombras. A parede fronteira tem duas aberturas sobrepostas, sendo a superior uma mancha indefinida que pode corresponder a uma portada fechada e, abaixo dela, um estendal de roupa branca que projecta as suas sombras sobre a janela com portadas azuis. O parapeito da janela está enfeitado com plantas em vasos, minúcia decorativa e de pormenor a que o pintor dá relevo em muitas das suas obras. Na metade inferior da composição, abaixo da parede frontal descrita, predomina o ocre de uma face de telhado composto pelo reticulado que desenha as telhas. A faixa inferior é constituída por manchas fluidas de azuis e cinzas sobre branco. Em toda a composição o efeito da incidência da luz intensa contrapõe-se com os planos de sombra, aqui marcados com relevante presença, na face lateral do prédio da direita, que o pintor trata em tonalidades de azul. Os planos geométricos do canto superior direito são a evidência do distanciamento da realidade visível, isto é, a imitação do motivo cede lugar a uma quase abstracção. Neste pequeno quadro o pintor atinge a expressão mais evidente dos seus objectivos para a pintura centrando-se em motivos particularmente singelos que lhe serviram o propósito de realizar exercícios de composição, de luz e de cor.