"Ninguém discordaria que as obras de grandes dimensões produzidas pelo artista a partir de 1960 eram um acontecimento inaugural na história da pintura brasileira, pela desenvoltura sóbria dos gestos, pela escala ambiental que reclamavam, fazendo supor o pintor dialogando com o espaço, num intenso vai e vem em face das telas. Além disso, diferentemente da voga tachista que dava o tom no meio artístico brasileiro, eram pinturas que guardavam, sob superfícies de tons sombrios e quentes, um travejamento de camadas e camadas de matéria meticulosamente soldadas entre si (em um cifrado diálogo, talvez, com a pintura construtiva...), o que permite supor a precoce vocação pública dessa obra, como se já se endereçasse aos espaços anônimos das grandes cidades e pressupusesse um observador inexoravelmente à distância."
SALZSTEIN, Sônia (org.). Diálogos com Iberê Camargo. São Paulo: Cosac Naify, 2003. p. 50.
“Na arquitetura do suíço Tschumi, a obra de Camargo está perfeitamente valorizada. É um sem-número de cores. Os ocres, os amarelados, os azuis da paleta do pintor brasileiro têm aqui um exuberante desdobramento no espaço. A sã visão do artista espalha-se aí em um alegre turbilhão. Pinceladas, inflexões, cutiladas são como um enxame encantado. À direita, nos marrons e nos tons oliváceos, uma lembrança do fetiche de Camargo: O carretel. Um ardente, um maravilhoso fluxo derrama-se por todos os lados, em direção a nós. Nesse pintor que se renovou constantemente, nesse inquieto sempre em busca de novos meios de expressão, acontece, então, como um sinal de suspensão. Chegamos ao estilo, à maneira de pintar que, durante muito tempo, será a de Iberê Camargo."
COURTHION, Pierre. Nascimento de um artista. In: Iberê Camargo. Rio de Janeiro: FUNARTE/Instituto Nacional de Artes Plásticas/Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 1985. p. 66-67.
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