Um dos conjuntos mais importantes de uma tradição portuguesa que antecedeu a criação dos presépios napolitanos, é o núcleo da Natividade atribuída a Dionísio e António Ferreira, executado cerca de 1700. A tradição dos presépios monumentais em Portugal, com as suas figuras em barro policromado, com apontamentos de ouro e prata em algumas personagens, iniciou-se no final do século XVII, mas foi com a parceria dos Ferreira, pai e filho, e, mais tarde, com Joaquim Machado de Castro (n. 1731 – m. 1822), que ganhou o fulgor de que núcleos como o que aqui se apresenta constituem um testemunho eloquente. Apesar de hoje se encontrar descontextualizado do enquadramento que outrora existiu neste local, a chamada Sala do Presépio, e do mesmo estar reduzido a um terço da sua dimensão original – devido a obras aqui realizadas no último quartel do século XX – o conjunto da Madre de Deus é uma das mais extraordinárias criações dos barristas Portugueses sob o tema do Nascimento de Jesus. Fortemente influenciado por uma sensibilidade flamenga, de gosto intimista, com figuras finamente modeladas, representando pastores e, em segundo plano, o cortejo dos Magos, a que se juntam serafins, querubins, anjos e um arcanjo, a sua contemplação permite compreender por que razão Machado de Castro considerou António Ferreira o melhor barrista português na manufatura de presépios.