O século XVII em Portugal é caracterizado por uma grande imaginação na criação de padrões. Inicialmente, cada azulejo tinha representado um desenho ou motivo que por si só constituía o padrão a repetir. Mas à medida que o século avança, os padrões vão-se tornando mais e mais complicados. Criam-se padrões de 2 por 2 (com 4 azulejos), de 4 por 4 (com 16 azulejos), de 6 por 6 e até 12 por 12, com 144 azulejos, o padrão mais complexo alguma vez criado na história da azulejaria europeia da época. Para nós hoje, os tremas desta época são complexos e enigmáticos. Naturezas mortas ou vasos floridos são motivos com um sentido que hoje nos escapa, mas que tinham um valor simbólico. A padronagem do século XVII foi criada para revestir grandes paredes. Os padrões mais complexos (4 azulejos por 4, 6 por 6 e até 12 por 12) foram concebidos para serem colocados nos planos mais elevados das paredes, de modo a que o motivo ou padrão fosse compreendido à distância pelo observador, em baixo. Eram rodeados por complexas molduras, criando a ilusão de grandes tapeçarias que brilhavam e reflectiam a luz. Por vezes, os painéis de azulejo eram interrompidos por pequenos quadros chamados registos, pequenas pinturas representando santos ou cenas religiosas. Eram representações ingénuas, imperfeitas e com erros anatómicos mas que por estarem colocadas a grande altura, ficavam distantes do olhar do observador. Não se pretendia representar fielmente as figuras, mas fazer uma marcação religiosa. Podemos ver nestes registos os antepassados dos grandes ciclos figurativos do século XVIII