Sem dúvida uma das joias mais espetaculares alguma vez criada por René Lalique, o grande criador da joalharia moderna, este peitoral «mulher-libélula» foi apresentado com enorme sucesso na Exposição Universal de Paris de 1900, onde o artista viu consagrada a sua obra de joalheiro de Arte Nova. A figura híbrida, simultaneamente bela e horrível, é constituída por uma enorme libélula em ouro e esmalte de asas abertas articuladas, com finíssima decoração de esmalte vitral enriquecido por diamantes, esmaltes e pedras de lua. Da boca escancarada do inseto com garras de grifo sai um busto de mulher em crisópraso, cuja cabeça é coberta por um elmo decorado com duas figuras de escaravelhos em ouro esmaltado. O corpo longilíneo do inseto, também em ouro esmaltado, apresenta ainda calcedónias em cabuchão. Combinando a figura feminina com o inseto que simultaneamente atrai e repele ao tornar-se uma criatura híbrida com ferozes garras de grifo, este mundo de contrastes e opostos, tão típico do gosto da época, encontra nesta joia o seu verdadeiro paradigma.