Inserido no contexto da polémica “questão religiosa” que caracteriza o século XIX, Bordalo Pinheiro questiona a falta de moderação dos homens da Igreja em tempo de Quaresma, período de penitência onde o jejum e a abstinência têm lugar fundamental. Num tom profundamente crítico, o artista representa o cónego José Gonçalves Ferreira sentado a uma mesa farta, onde reconhecemos o leitão, uma ave assada e o vinho que acompanha a refeição e, ainda, um divertido paliteiro em forma de jesuíta. Outras iguarias estão prestes a chegar, sendo transportadas em grandes travessas. Personagem do humor bordaliano, o cónego brasileiro encontra-se caricaturado no cabeçalho deste jornal, também desenhado pelo artista. Gravura publicada em O Mosquito, a 8 de abril de 1876.