Quantas perguntas se desdobram a partir de uma obra de arte? E quantas respostas?
A exposição Uma Obra torna visíveis os variados caminhos de leitura e interpretação que podemos percorrer a partir de uma mesma obra. Para sua segunda edição, selecionamos a obra Nessa terra, em se plantando tudo dá, feita em 2015, por Jaime Lauriano.
Cada obra de arte é única e seus significados são múltiplos!
SOBRE A OBRA
Uma muda de pau-brasil cresce no interior de uma vitrine de vidro e madeira. Deslocada de seu ambiente natural, a planta é cultivada num sistema que a irriga, fertiliza, ilumina e ventila. Seu destino é incerto: se sobreviver, com o passar do tempo as raízes e os galhos devem romper a estrutura que, por ora, sustenta seu crescimento; caso não vingue, a estufa que a abriga – misto de berço e cárcere – acabará por sufocá-la.
A muda de pau-brasil crescerá dentro da estufa, e suas raízes e galhos podem destruir a própria estrutura que a mantém viva e em constante crescimento. A violência imposta sobre a arquitetura da estufa faz uma alusão às violências aplicadas aos povos nativos da América Latina com o processo de colonização. Ao destruir a estrutura que a contém, a muda de pau-brasil estará fadada a sua própria destruição, condicionando assim a sua existência ao seu aprisionamento.
A arte contemporânea cada vez mais se apresenta como uma ferramenta de produção de conteúdo e de crítica, estendendo seus domínios para áreas como História, Antropologia e Sociologia. Nessa terra, em se plantando, tudo dá pretende potencializar estas relações interdisciplinares e apresentar um olhar artístico contemporâneo sobre o processo de formação do Brasil como nação.