Almir nasceu em 1974, poucos anos depois do primeiro contato do seu povo com o homem branco. Naquela época, as doenças trazidas da sociedade exterior dizimaram os Suruí - que eram cerca de cinco mil e logo passaram a quase trezentos. Mas o guerreiro indígena resistiu. Apesar do choque cultural, Almir buscou conhecimento nos dois mundos, o da floresta e o da cidade - e foi assim que surgiu seu interesse pela tecnologia.
Quando coordenou o movimento indígena do Estado de Rondônia, Almir Suruí descobriu o computador e viu que mesmo com a distância, o mundo todo estava conectado pela internet - mas a sua aldeia e sua etnia não. Então, decidiu usar a web para que todos pudessem ver a luta do seu povo pela floresta. Muito longe da cidade, os Suruí resistiam sozinhos contra invasores e madeireiros que destruíam suas terras.
Almir descobriu o mundo através da internet e quis vê-lo de perto. Por isso começou a viajar para diversos países denunciando o desmatamento na Amazônia e buscando alternativas sustentáveis para a floresta. O chefe Suruí discursou em Assembleia Geral da ONU, falou com a Organização dos Estados Americanos, debateu com líderes internacionais e inclusive foi premiado na Suíça pela Sociedade Internacional de Direitos Humanos.
Curso (2016), de Gabriel UchidaKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Desta forma, levou não só computadores e planos de tecnologia para a aldeia como também conquistou projetos de geração de renda.
Viveiro (2017), de Gabriel UchidaKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Hoje os Suruí cuidam de um viveiro de mudas e fazem o reflorestamento do que o homem branco destruiu. Além disso, foram pioneiros em venda de créditos de carbono dentro de terras indígenas.
Todas essas conquistas foram ótimas para os indígenas, mas péssimas para quem se aproveitava ilegalmente da floresta, como madeireiros e invasores. Por isso, Almir Suruí e sua família começaram a receber ameaças de morte. Por um tempo, tiveram até que receber escolta da segurança nacional. Mas a luta pela Amazônia nunca parou.
Filha (1998), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Escola indígena (2017), de Gabriel UchidaKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Graças ao Chefe Almir, hoje o povo Suruí tem ao mesmo tempo a cultura tradicional e a tecnologia do homem branco. Nas escolas dentro das aldeias, as crianças aprendem em tupi-mondé e em português.
Maloca (2017), de Gabriel UchidaKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
E agora, sempre de olho no futuro, o líder busca preservar não só a floresta, como também o conhecimento do seu povo, e para isso está planejando uma universidade indígena.
Filha (2007), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Prêmio dos Direitos Humanos (2017), de Gabriel UchidaKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Em 2012 a revista Forbes citou o Chefe Almir como o brasileiro mais criativo na área de negócios e no ano seguinte, ele foi eleito pela ONU como o “Herói da Floresta”.
O líder Suruí é um exemplo de como culturas diferentes podem dialogar em benefício de todos, sejam moradores da aldeia ou da cidade. Porque no fim, a Amazônia é uma riqueza de todo o planeta.
www.KANINDE.org.br
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