View of the Palace of Versailles, de Pierre PatelPalace of Versailles
Agrimensura e nivelamento
Na criação do domínio, o Parque e os Jardins, por sua amplidão e necessidades de água, exigem novos conhecimentos científicos e técnicos.
Para a agrimensura, o nivelamento do terreno e o traçado das perspectivas sobre distâncias inéditas, os acadêmicos utilizaram a geodesia, a geometria e a perspectiva-ótica.
Para fazer jorrar a água das fontes, cada vez mais numerosas em um lugar que não a possuía, os engenheiros conceberam uma espetacular rede hidráulica. Encontrar águas para Versailles obrigava a ir tão longe que novas lunetas de observação foram aperfeiçoadas por astrônomos e os cálculos tiveram que considerar a refração atmosférica e a circunferência terrestre.
Vista do Palácio e dos Jardins de Versailles, 1668
Esta vasta perspectiva topográfica de Versailles vista do alto é a única conhecida hoje de um conjunto de vistas das casas reais encomendadas ao pintor Pierre Patel. É uma representação notavelmente precisa do palácio e dos jardins de Versailles imediatamente antes das grandes obras dos anos de 1670 e 1680, dirigidas pelo arquiteto Louis le Vau: o pequeno palácio de tijolo e pedra de Luís XIII foi já ampliado com as duas alas dos comuns e das cavalariças, mas a grande “envolvente” de pedra não tinha ainda sido construída.
O quadro revela que os Jardins, a grande paixão de Luís XIV, já existiam no palácio: antes mesmo da construção definitiva do edifício, as grandes linhas de força do parque concebido por André Le Notre estão já em seu lugar. Em Versailles, onde tudo estava por fazer, entre obstáculos que pareciam invencíveis, o Primeiro Jardineiro do Rei se supera para “domesticar a natureza”, convertendo charcos apodrecidos em suntuosas peças de água, e transformando a planície pantanosa e florestal de Versailles nos mais belos jardins da Europa.
Trianon from the garden side (1601/1700)Palace of Versailles
A geometria aplicada aos jardins
Quando o jardim regular, mais tarde dito “à francesa”, passa a estar na moda, a obra de Alain Manesson-Mallet, engenheiro militar, geógrafo e cartógrafo francês, tem um grande sucesso. Dividida em quatro livros e ilustrada com 500 pranchas gravadas, A Geometria Prática é uma espécie de manual para ser usado por arquitetos e jardineiros que expõe um método de medição de distâncias e superfícies e permite uma aplicação direta dos princípios da geometria ao traçado de jardins e canteiros.
Graphometer with sights with a transverse scale and shadow square, with monopod stand (1700), de Michael Butterfield, private collectionPalace of Versailles
Grafômetro de pínulas
O grafômetro, inventado em 1597 por Philippe Danfrie, foi durante mais de dois séculos o instrumento essencial dos agrimensores franceses. Serve para desenhar mapas de pequena escala, com o registro dos ângulos formados, desde um ponto de observação, por elementos característicos da paisagem: campanário, árvore, casa, cume de colina. Ainda é usado vulgarmente na época da construção de Versailles, embora só permita medições de curtas distâncias.
Graphometer with sights with a transverse scale and shadow square (1700), de Michael Butterfield, Versailles, private collectionPalace of Versailles
Este instrumento é constituído por uma régua móvel, chamada de alidade, por pínulas, que são as pequenas placas de cobre com uma fenda vertical onde se coloca o olho para a observação, e por uma bússola que permite orientar o instrumento.
Versailles, the challenge of water (2014), de Palace of Versailles and the city of ArrasPalace of Versailles
Quando o terreno pantanoso é nivelado e a natureza domesticada, os sábios e acadêmicos começam a resolver o problema da água. Esta demanda está na origem da mais importante evolução das técnicas hidráulicas desde a época romana...
View of the Machine of Marly and Palace of Louveciennes (1722), de Pierre-Denis MartinPalace of Versailles
Máquina de Marly
No reinado de Luís XIV, é criado um conjunto de bombas, aquedutos, reservatórios e lagoas artificiais. A grande máquina de Marly é o elemento mais espetacular deste sistema. Qual Júpiter, o Rei pede a Colbert que “faça subir o rio”: encaminhar as águas do Sena para um nível 150 metros superior (uma altura nunca antes atingida na história) nos jardins de Marly e depois nos de Versailles.
Resumindo dois milênios de história das máquinas de água, a Máquina de Marly, concebida pelo engenheiro de Liège Rennequin Sualem, usa princípios técnicos já conhecidos, mas usados pela primeira vez em tais proporções.
Os trabalhos começam em 1681 e terminam quatro anos mais tarde. Os custos são consideráveis: 3,5 milhões de libras, a que acresce o valor ainda mais importante de sua manutenção.
Perspective view of Apollo’s Fountain and the Grand Canal with its flotilla. (1701/1725), de French schoolPalace of Versailles
A magia da água
Os jardins de Versailles contaram com até 2000 jatos de água, ou seja, quatro vezes mais do que hoje. No subsolo, uma rede de 46 quilômetros de canalizações permite que a água entre nas bacias e saia pelas fontes.
Mas a pressão é tal que é necessário imaginar um novo sistema hidráulico: os tubos, originalmente em barro, madeira ou chumbo, são substituídos por canalizações em ferro fundido compostas por elementos padronizados que encaixam sem soldar, uma tecnologia aperfeiçoada nas forjas da Normandia e de Champagne.
Nozzles for shaping fountain jets: two sprays, a lance and a blade (1701/1900), de fountains departmentPalace of Versailles
Bicos
São cilindros de cobre colocados na extremidade dos tubos das fontes. Os bicos permitem dar à água uma forma específica quando sai.
Versailles, the magic of water (2014), de Palace of Versailles and the city of ArrasPalace of Versailles
View of the Palace of Versailles from the Dragon Fountain and Neptune Fountain (1670/1700), de Jean-Baptiste Martin the ElderPalace of Versailles
Vista do Palácio de Versailles desde as Fontes do Dragão e de Netuno
É no reinado de Luís XIV, entre 1678 e 1684, que é criada a Fonte de Netuno, que era então conhecida por peça de água “sob o Dragão”. A fonte termina o eixo Norte-Sul e forma um pendente com a o Lago dos Suíços, representado ao fundo.
Luís XIV desejava para esta fonte uma decoração grandiosa, mas foi somente durante o reinado de Luís XV, em 1740, que foram instalados os três grandes grupos de esculturas, em chumbo originalmente dourado, que guarnecem hoje a parede de suporte. O mais notável nesta fonte são os 99 jatos de água que, por sua amplidão e variedade, são um extraordinário conjunto hidráulico, um dos mais espetaculares de todos os jardins.
Catherine Pégard, Presidente do Palácio de Versailles
Laurent Salomé, Diretor do Museu
Thierry Gausseron, Administrador-geral
Hélène Delalex, Conservadora do Patrimônio e Comissária da Exposição Virtual
Géraldine Bidault, Responsável da biblioteca fotográfica e da digitalização das coleções. Comissária da Exposição Virtual
Ariane de Lestrange, Diretora de Informação e Comunicação
Paul Chaine, Chefe de Serviço de Desenvolvimento Digital
Gaëlle Bertho, Coordenador da Exposição Virtual
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