É possível recuperar a Mata Atlântica

Do Instituto Terra

Instituto Terra

O sonho de
um casal em fazer renascer a Mata Atlântica na área de uma antiga fazenda,
completamente degradada, foi o ponto de partida do Instituto Terra. Navegue por
esta exposição e conheça melhor essa iniciativa que ajudou a transformar uma
paisagem de terra árida e sem água em um cenário repleto de verde e beleza. Refúgio
ecológico que a cada ano recebe novos exemplares da flora e da fauna desse
importante e ameaçado bioma.

Fundadores do Instituto Terra (2006), de Ricardo BelielInstituto Terra

Foi no final da década de 90, ao assumir as terras que pertenciam à família, na pequena cidade mineira de Aimorés, que Lélia Deluiz Wanick Salgado e Sebastião Salgado tomaram a decisão de plantar ali uma floresta.

Para levar adiante o projeto, fundaram o Instituto Terra, que atua na recuperação ambiental da região banhada pela Bacia Hidrográfica do Rio Doce.

Instituto Terra - RPPN Fazenda Bulcão, no início do reflorestamento (2000), de Sebastião SalgadoInstituto Terra

Plantar uma floresta em uma terra tão maltratada pela seca e pela erosão exigiu grande esforço, parcerias e muita tecnologia.

O primeiro passo foi transformar a área em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN Fazenda Bulcão.

O título foi obtido de maneira inédita em outubro de 1998, sendo o primeiro reconhecimento ambiental concedido no Brasil a uma propriedade completamente degradada, diante do compromisso de vir a ser reflorestada.

Instituto Terra - RPPN Fazenda Bulcão no ano de 2013 (2013), de Sebastião SalgadoInstituto Terra

RPPN Fazenda Bulcão, sede do Instituto Terra, no ano de 2013, quase totalmente recoberta pela vegetação de Mata Atlântica.

Até janeiro de 2019 foram plantadas mais de 2,5 milhões de mudas de 297 espécies nativas de Mata Atlântica em uma área total de 709,84 hectares. Os plantios são realizados sempre no período das chuvas, que envolvem os meses de novembro a janeiro.

Primeiro Plantio na RPPN Fazenda Bulcão (1999), de Sebastião SalgadoInstituto Terra

A interação com a comunidade esteve presente desde o início. O primeiro plantio realizado na RPPN Fazenda Bulcão foi em novembro de 1999 e contou com a participação e entusiasmo principalmente de alunos de escolas do município de Aimorés, em Minas Gerais.

A iniciativa foi o embrião da proposta maior do Instituto Terra: associar o projeto de reflorestamento com ações de educação, para ajudar a promover o resgate ambiental de toda a região do Vale do Rio Doce.

Área reflorestada na RPPN Fazenda Bulcão (2013), de Sebastião SalgadoInstituto Terra

No entorno da RPPN Fazenda Bulcão, o contraste com áreas desmatadas (2013), de Sebastião SalgadoInstituto Terra

RPPN Fazenda Bulcão reflorestada (2011), de Coleção Instituto Terra/Foto de Weverson RocioInstituto Terra

A nova floresta

A reconstrução de uma floresta vai além do plantio de mudas nativas de forma sistemática. Florestas não são apenas árvores. As interações entre árvores, fauna e outros diversos tipos de vegetação são fundamentais e envolvem uma grande rede de relações, que ao serem destruídas, necessitam de intervenção para se restabelecer. 

Para reflorestamento da RPPN Fazenda Bulcão o Instituto Terra já utilizou mudas de 297 espécies nativas de Mata Atlântica. No estágio inicial, a estratégia foi priorizar espécies de crescimento rápido, para cobrir bem o solo, incorporando matéria orgânica e nutrientes, proteger do impacto direto das chuvas e melhorar as suas características físicas e químicas.

Com a floresta em franco crescimento, em 2015 teve inicio a etapa de enriquecimento da área plantada, visando ampliar a biodiversidade, um dos grandes desafios da restauração florestal. 

Jaguatirica (Leopardus pardalis) encontrada na RPPN Fazenda Bulcão (2012), de Coleção Instituto Terra/Foto de Leonardo MerçonInstituto Terra

Com o resgate do verde, os animais também não demoraram a voltar. Hoje a RPPN Fazenda Bulcão é refúgio seguro até mesmo para espécies ameaçadas da fauna brasileira.

Registros do monitoramento da fauna comprovam que lá vivem desde pequenos invertebrados até uma família de jaguatiricas (Leopardus pardalis), numa marcante demonstração de que o ciclo da cadeia alimentar foi restabelecido.

A jaguatirica é uma das 33 espécies de mamíferos avistados na área, assim como 173 espécies de aves, 16 de répteis e 15 de anfíbios.

Papagaio Chauá (Amazona rhodocorytha) (2012), de Coleção Instituto Terra/Foto de Leonardo MerçonInstituto Terra

Conheça o canto do papagaio chauá
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Aves ameaçadas de extinção e originárias da Mata Atlântica, o chauá (Amazona rhodocorytha) e o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinácea) hoje são moradores ilustres da nova floresta plantada pelo Instituto Terra.

RPPN Fazenda Bulcão (2011), de Coleção Instituto Terra/Foto Weverson RocioInstituto Terra

Localização

A sede do Instituto Terra está localizada na fronteira entre Espírito Santo e Minas Gerais. Os dois Estados são banhados pelo Rio Doce, que dá nome a uma das mais importantes bacias hidrográficas da região Sudeste do Brasil, região que vivencia um grave quadro de crise hídrica. Trata-se de uma área pertencente ao bioma Mata Atlântica, que é o foco dos projetos de recuperação ambiental desenvolvidos pela ONG.

Sede do Instituto Terra - Arquitetura sustentável (2011), de Coleção Instituto Terra/Foto de Weverson RocioInstituto Terra

Em sua criação, o Instituto Terra buscou os fundamentos da sustentabilidade em todas as suas nuances. O próprio projeto arquitetônico adotou padrões de construção que privilegiassem a integração com a natureza.

Como elemento de memória e preservação, as antigas estruturas do curral receberam intervenções para abrigar novos usos, acomodando os escritórios para administração da instituição. A área da antiga balança de pesar o gado, hoje é um agradável refeitório.

Edifícios da sede do Instituto Terra são todos integrados à natureza (2011), de Coleção Instituto Terra/Foto de Weverson RocioInstituto Terra

O conjunto de edificações inclui também acomodações para professores, pesquisadores e alunos. Todos os edifícios com acessibilidade.

Os jardins do Instituto Terra (2011), de Coleção Instituto Terra/Foto de Weverson RocioInstituto Terra

Um parque florido o ano inteiro

Um capítulo à parte na história do Instituto Terra, o paisagismo foi concebido pela cofundadora da instituição, Lélia Deluiz Wanick Salgado. Os tipos de flores, tempo de floração e porte das espécies escolhidas para as áreas de jardim foram meticulosamente observadas, para permitir um espetáculo de cores, formas e diferentes matizes de verde dentro do grande projeto de reflorestamento da RPPN Fazenda Bulcão. Dessa forma, o jardim se tornou um ponto central entre as construções e área de convivência, sempre atrativo aos olhos de quem visita o Instituto Terra, em qualquer época do ano.

RPPN Fazenda Bulcão - Paisagismo (2009), de Lélia Deluiz Wanick SalgadoInstituto Terra

RPPN Fazenda Bulcão - Árvores e flores, Lélia Deluiz Wanick Salgado, 2009, Da coleção de: Instituto Terra
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Cores e formas no jardim do Instituto Terra, Coleção Instituto Terra/Foto de Lélia Deluiz Wanick Salgado, 2011, Da coleção de: Instituto Terra
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Cenário natural (2011), de Lélia Deluiz Wanick SalgadoInstituto Terra

Educação Ambiental - Projeto Terrinhas (2004), de Coleção Instituto Terra/Foto de Ricardo AzouryInstituto Terra

Plantar árvores e futuro

Junto com a nova floresta, todo o funcionamento na RPPN Fazenda Bulcão foi idealizado para transformar a instituição num grande centro de difusão do conhecimento ambiental, baseado na pesquisa, na recuperação e conservação florestal, revitalização dos recursos hídricos, objetivando o aumento da produção agrícola e melhoria da qualidade de vida no meio rural.

Núcleo de Estudos em Restauração Ecossistêmica (2011), de Coleção Instituto Terra/Foto de Weverson RocioInstituto Terra

Para difundir as tecnologias desenvolvidas na restauração da Mata Atlântica o Instituto Terra desenvolve programas de educação ambiental voltados para diferentes públicos, visando estimular a reflexão sobre o atual modo de vida e de produção, potencializando a formação de agentes de transformação rumo ao desenvolvimento sustentável.

Trilha dos Quatis (2011), de Coleção Instituto Terra/Foto de Weverson RocioInstituto Terra

Ponto de atração e roteiro turístico na pequena cidade de Aimorés, no Leste de Minas Gerais, o Instituto Terra oferece visitas guiadas à RPPN Fazenda Bulcão, com trilha ecológica, e espaços de promoção de cultura e arte.

Durante a visita, que deve ser agendada previamente, o visitante tem a oportunidade de conhecer exemplares da fauna e da flora de Mata Atlântica, dentro de um percurso integrado à área dos primeiros plantios feitos para reflorestamento da Reserva.

Cine Teatro Terra - Espaço de cultura, arte e interação com a comunidade (2011), de Coleção Instituto Terra/Foto de Weverson RocioInstituto Terra

Inaugurado em agosto de 2004, além da projeção de filmes e apresentação de peças teatrais, o Cine Teatro Terra é utilizado para realização de seminários, debates e oficinas, recebendo a comunidade de Aimorés e de cidades vizinhas.

Loja do Instituto Terra, Coleção Instituto Terra/Foto de Weverson Rocio, 2011, Da coleção de: Instituto Terra
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É possível ajudar o Instituto Terra a plantar mais árvores e a proteger mais nascentes. Saiba como visitando o site institucional (www.institutoterra.org) ou pela loja virtual (http://institutoterrastore.com/). Participe desse ideal.

Núcleo Museológico de Arqueologia de Aimorés - Registros do Periodo Pré-colonial, Coleção Instituto Terra/Foto de Weverson Rocio, 2011, Da coleção de: Instituto Terra
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Quem visita o Instituto Terra tem a oportunidade de conhecer um pouco da história dos grupos indígenas Krenak, descendentes dos Aymorés (Botocudos), a partir da coleção de artefatos que compõem o acervo do Núcleo Museológico de Arqueologia de Aimorés. As peças em exibição foram encontradas nas escavações para construção de uma usina hidrelétrica na região.

Área de exposição no Instituto Terra (2011), de Coleção Instituto Terra/Foto de Weverson RocioInstituto Terra

Viveiro de mudas da RPPN Fazenda Bulcão (2013), de Sebastião SalgadoInstituto Terra

O desafio de restaurar a         Mata Atlântica

O Instituto Terra foi concebido como um grande laboratório de restauração florestal.  Possui um viveiro de espécies nativas da Mata Atlântica com capacidade para produzir 1 milhão de mudas por ano, um dos maiores do Brasil. A maior parte das mudas produzidas destina-se aos projetos externos de reflorestamento e de proteção de nascentes que a ONG ambiental realiza em várias localidades do Vale do Rio Doce, uma das regiões brasileiras originalmente cobertas pela vegetação de Floresta Atlântica.

Viveiro do Instituto Terra - Mudas de espécies nativas da Mata Atlântica (2013), de Sebastião SalgadoInstituto Terra

Berçário do reflorestamento (2011), de Coleção Instituto Terra/Foto de Weverson RocioInstituto Terra

A produção de mudas nativas está entre os maiores desafios para suprir projetos de reflorestamento de Mata Atlântica, bioma que cumpre papel fundamental na mitigação das mudanças do clima e na regulação dos sistemas de chuva.

Com grande biodiversidade, a restauração da Mata Atlântica pode ajudar na melhoria dos fluxos hídricos e no aumento da produtividade agrícola, entre muitos outros benefícios para as regiões originariamente cobertas por esta vegetação.

Trabalho no viveiro de nativas do Instituto Terra (2009), de Coleção Instituto TerraInstituto Terra

A Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos em plantas endêmicas do mundo, ou seja, com espécies vegetais só encontradas em sua área de domínio.

São exemplares dessa diversidade – como boleira, jenipapo, cerejeira, cajá mirim, pau ferro, pau brasil, embaúba, angico canjiquinha, angico vermelho, ipê amarelo, ipê roxo, aroeira pimenta, entre muitas outras –, que anualmente saem do viveiro do Instituto Terra para recobrir o Vale do Rio Doce com o verde da Mata Atlântica.

Mudas de espécies nativas da Mata Atlântica (2006), de Coleção Instituto Terra/Foto de Ricardo AzouryInstituto Terra

O Instituto Terra conta com um Laboratório de Sementes, onde pesquisa e organiza informações técnicas sobre todo o processo de produção de mudas florestais a partir da semente. Todo esse conhecimento está disponível ao público gratuitamente no Portal Semear (www.portalsemear.org). Iniciativa pioneira no Brasil, o portal teve apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, por meio da iniciativa BNDES Mata Atlântica.

Viveiro de mudas: início da restauração florestal (2009), de Lélia Deluiz Wanick SalgadoInstituto Terra

RPPN Fazenda Bulcão - Retorno das nascentes (2009), de Lélia Deluiz Wanick SalgadoInstituto Terra

Mais verde, mais água 

Restaurada a cobertura florestal na RPPN Fazenda Bulcão, retornaram também as fontes de água. Dessa experiência nasceu o Programa Olhos D'Água, que visa recuperar e proteger todas as nascentes da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, estimadas em mais de 370 mil. Um trabalho para dezenas de anos, que já começou. 

Resgate do verde e da água na RPPN Fazenda Bulcão (2011), de Coleção Instituto Terra/Foto de Weverson RocioInstituto Terra

Semeando florestas e água. É dessa forma, com várias frentes de atuação, um relacionamento intenso e constante com a comunidade, a partir do apoio de parceiros e doadores, que o Instituto Terra quer seguir fortalecendo sua missão de ajudar a promover o desenvolvimento sustentável do Vale do Rio Doce.

Créditos: história

O Instituto Terra é uma organização civil sem fins lucrativos fundada em abril de 1998. Suas principais ações envolvem a restauração ecossistêmica, produção de mudas de Mata Atlântica, extensão ambiental, educação ambiental e pesquisa científica aplicada.

Visite www.institutoterra.org e saiba como é possível contribuir com os projetos desenvolvidos.

Exposição - "É possível recuperar a Mata Atlântica"

Textos e Edição - Maria Helena Fabriz
Áudios - Faunativa para Instituto Terra
Videos - Leonardo Merçon para Instituto Terra
Fotos - Créditos nas mídias

Contatos:
Instituto Terra - RPPN Fazenda Bulcão
Caixa Postal 005
CEP: 35200-000
Aimorés / MG / Brasil
Tel.: +55 33 3267 2025
iterra@institutoterra.org

Créditos: todas as mídias
Em alguns casos, é possível que a história em destaque tenha sido criada por terceiros independentes. Portanto, ela pode não representar as visões das instituições, listadas abaixo, que forneceram o conteúdo.
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