Ex Africa semper aliquid novi [da África sempre há novidades a reportar] escreveu o escritor Caio Plínio Segundo, 2.000 anos atrás, ao voltar de uma viagem às províncias norte-africanas pertencentes ao Império Romano.
Exchange For Life (2017), de Ndidi DikeCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Exchange For Life (2017), de Ndidi DikeCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Depois de ter comemorado, em 2003, um de seus maiores sucessos de público com a megaexposição “Arte da África”, oriunda do Museu Etnológico de Berlim, o CCBB agora lança o olhar sobre o continente africano ao preparar uma mostra que reunirá a produção contemporânea. Trata-se da maior e mais importante exposição de arte africana contemporânea realizada no Brasil.
Omar Ibn Saïd (2014), de Omar Victor DiopCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
A exposição acontece num momento em que a herança africana volta a estar em evidência, principalmente no Rio de Janeiro. Basta lembrar as recentes escavações do antigo mercado de escravos no Cais do Valongo, ou a descoberta do Cemitério dos Pretos Novos e da Pedra do Sal, todos localizados no centro histórico da cidade do Rio, e próximos ao CCBB.
Angelo Soliman (2014), de Omar Victor DiopCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
A África moderna está vivendo a compressão do tempo como nenhum outro continente. Mal completou 50 anos e é apenas um pouco mais velha do que a média de sua população atual. Ao mesmo tempo, ainda não se abriu completamente à industrialização; de fato, grande parte da atividade econômica até hoje é realizada por meio de escambo.
Genesis [Je n'isi isi] III (2016), de Kudzanai ChiuraiCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Nos centros urbanos percebe-se nitidamente um vigoroso aumento da produção artística. O último continente a entrar nesse universo, a África agora também faz parte da cena artística global, com todas as vantagens e desvantagens que isso traz.
Genesis [Je n'isi isi] III (2016), de Kudzanai ChiuraiCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Genesis [Je n'isi isi] X (2016), de Kudzanai ChiuraiCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Ao mesmo tempo, foram sendo fundadas diversas bienais na África, entre elas a de Dacar, Joanesburgo, Marraquexe, Bamaco, Cairo, Campala, Luanda, São Tomé e Príncipe e também Lubumbashi na República do Congo. A essas, somam-se diversos salões de arte contemporânea e feiras de arte que acontecem em quase todos os países mais importantes da região.
Genesis [Je n'isi isi] IV (2016), de Kudzanai ChiuraiCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Genesis [Je n'isi isi] VIII (2016), de Kudzanai ChiuraiCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
A arte contemporânea africana, desse modo, deu as costas a dois preconceitos longamente estabelecidos; por um lado, o estigma do artesanato e, por outro, as referências etnográficas.
Inzilo, de Mohau ModisakengCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Inzilo, de Mohau ModisakengCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Sem título (2016), de Arjan MartinsCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Sem título (2016), de Arjan MartinsCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Sem Título, de Arjan MartinsCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Sem título, de Arjan MartinsCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Sem Título, de Arjan MartinsCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Triptych sem título (Code Noir), de Leonce Raphael AgbodjelouCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Como em toda parte, também na África a arte contemporânea encontra-se em um permanente processo de renovação criativa.
Ainda que não possam ser ignorados os efeitos do colonialismo, não deve ser subestimada a importância do intercâmbio artístico verificado na passagem do período colonial ao pós-colonial e, nesse contexto, a reação dos artistas em relação ao período que antecedeu a independência.
Untitled Triptych, de Leonce Raphael AgbojelouCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Não causará surpresa que um continente com as dimensões da África tenha produzido uma enormidade de arquivos estéticos com raízes em pelo menos três legados: a cultura nativa, o cristianismo e o islamismo, que, como no exemplo da Nigéria, convivem em um espaço bastante reduzido.
Os países do Golfo da Guiné abrigam não apenas mil diferentes grupos étnicos e idiomas, como também incluem elementos anglófonos, francófonos, lusófonos, hispânicos e árabes
Untitled Triptych, de Leonce Raphael AgbojelouCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Untitled Triptych, de Leonce Raphael AgbojelouCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Money, de Davido feat. Olamide “The Money” HKN Music Directed by Clarence PetersCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
God, de Phyno “Fada Fada (Ghetto Gospel)” Penthauze Records Directed by Clarence PetersCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Cambeck (2011), de Video Stills Atelier Binelde HyrcanCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Nairobi, 2016 (2016), de Guy TillimCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Fragments White Cube Bermondsey, de Ibrahim MahamaCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Entre o Senegal e a África do Sul, o Sudão e Angola, a identidade africana moderna é marcada por uma diversidade de encontros culturais e interações, por processos de intercâmbio e aculturações. Se, inicialmente, esses processos diziam respeito à Europa e à América, hoje em dia, e acompanhando a globalização, também se estendem a outras partes do mundo. Logo, a arte africana movimenta-se na zona de tensão entre diversos arquivos: tradicionais e modernos, coloniais e pós-coloniais, locais e globais, cosmopolitas e aqueles influenciados pela diáspora.
Fragments White Cube Bermondsey, de Ibrahim MahamaCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Fragments White Cube Bermondsey, de Ibrahim MahamaCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Fragments White Cube Bermondsey, de Ibrahim MahamaCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Fragments White Cube Bermondsey, de Ibrahim MahamaCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Geometry of the passing, de Youssef LimoudCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Em contraste com a arte ocidental, inserida ou até quase engessada, em uma sequência estrita de tendências estilísticas, a arte contemporânea africana tem a vantagem de não precisar atender a nenhum cânone e poder orientar-se unicamente pelo aqui e agora.
Para tanto, lança mão dos materiais disponíveis a cada momento, permeando todos os meios da arte.
Geometry of the passing, de Youssef LimoudCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Geometry of the passing, de Youssef LimoudCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Geometry of the passing, de Youssef LimoudCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Geometry of the passing, de Youssef LimoudCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
“Ex Africa” apresenta dezoito artistas da geração jovem e intermediária, vindos de oito países africanos que despertam grande atenção internacional, mas ainda são pouco conhecidos no Brasil. A eles se juntam dois artistas afro-brasileiros, Arjan Martins e Dalton Paula, que recentemente fizeram pesquisas e montaram uma exposição no Brazilian Quarter de Lagos (Nigéria), bairro construído por antigos escravos retornados à África.
Fragments from the City, de Abdulrazaq AwofesoCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Fragments from the City, de Abdulrazaq AwofesoCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Fragments from the City, de Abdulrazaq AwofesoCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Respectable, de Nástio MosquitoCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Lagos Drawings (2015), de Karo AkpokiereCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
E uma sala é exclusivamente dedicada ao Afrobeat, a música popular de Lagos.
Lagos Drawings (2015), de Karo AkpokiereCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Lagos Drawings (2015), de Karo AkpokiereCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Lagos Drawings (2015), de Karo AkpokiereCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Ex Votos A (2016), de Dalton PaulaCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Ponte City, installation, Le Bal, Paris, 2014, de Mikhael Subotzky and Patrick WaterhouseCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Ponte City, installation, Le Bal, Paris, 2014, de Mikhael Subotzky and Patrick WaterhouseCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Ponte City, installation, Le Bal, Paris, 2014, de Mikhael Subotzky and Patrick WaterhouseCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Ponte City, installation, Le Bal, Paris, 2014, de Mikhael Subotzky and Patrick WaterhouseCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
A exposição subdivide-se em quatro áreas temáticas que não são estanques, mas integradas entre si de forma fluida e harmoniosa: - Ecos da história - Corpos e retratos - O drama urbano - Explosões musicais
Os curadores da exposição são Alfons Hug, diretor do Instituto Goethe na cidade de Lagos (Nigéria), e Ade Bantu, responsável pelo Clube Lagos, um panorama da música popular da maior cidade africana.
Bed, Hanging Ropes and Fridge (2008), de Andrew TshabanguCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Inhliziyo (2009), de Andrew TshabanguCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Candle and Bed (2011), de Andrew TshabanguCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Stove in the Next Room (2008), de Andrew TshabanguCentro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Artistas
Abdulrazaq Awofeso, Nigéria
Andrew Tshabangu, África do Sul
Binelde Hyrcan, Angola
Clube Lagos
Guy Tillim, África do Sul
Ibrahim Mahama, Gana
Jelili Atiku, Nigéria
Karo Akpokiere, Nigéria
Kiluanji Kia Henda, Angola
Kudzanai Chiurai, Zimbábue
Leonce Raphael Agbodjélou, Benim
Mikhael Subotzky, África do Sul
Mohau Modisakeng, África do Sul
Nástio Mosquito, Angola
Ndidi Dike, Nigéria
Okhai Ojeikere, Nigéria
Omar Victor Diop, Senegal
Youssef Limoud, Egito
Brasil
Arjan Martins
Dalton Paula
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