Ciências em Versailles capítulo 7: a ciência espetáculo, física e química

Do infinitamente grande ao infinitesimal

Antoine Laurent Lavoisier (1743–1794) and His Wife (Marie Anne Pierrette Paulze, 1758–1836) Antoine Laurent Lavoisier (1743–1794) and His Wife (Marie Anne Pierrette Paulze, 1758–1836) (1788), de Jacques Louis DavidThe Metropolitan Museum of Art

Física e química

Os jogos ocuparam sempre um lugar importante na Corte de Versailles, e as as demonstrações de química e física experimentais estão no centro da “ciência espetáculo” dos séculos XVII e XVIII. Tanto em Paris como em Versailles, todos ficam entusiasmados com estas demonstrações igualmente maravilhosas e surpreendentes.

Jean-Antoine Nollet (1771), de Pasqual-Pere Moles i CoronesPalace of Versailles

Abade Nollet

O Abade Nollet (1700-1770) é famoso por suas teorias e experiências com eletricidade que só foram destronadas no final do século XVIII com as de Benjamin Franklin (1706-1790) e, sobretudo, as de Gaspard Monge (1746-1818), um dos maiores matemáticos franceses. Nollet publica o primeiro volume de suas Lições de Física Experimental em 1743.

Em 1758, o abade é encarregado de organizar um gabinete de física completo no Palácio dos Menus-Plaisirs, obtendo o título de mestre de física e história natural dos Filhos de França (os filhos do rei). Ele reúne uma coleção de mais de 200 instrumentos de demonstração, criados “para tornar visíveis as coisas invisíveis” e ilustrar a maioria dos princípios físicos. Estes elegantes instrumentos, concebidos originalmente para a instrução dos príncipes, são espalhados por todos os salões parisienses para sessões confidenciais.

LIFE Photo Collection

Demonstração da eletricidade na Galeria dos Espelhos

As lições experimentais de Nollet são imensamente populares. Elas compreendem um vasto reportório de demonstrações encenadas como verdadeiros espetáculos.

De todas as demonstrações, é a da eletricidade que mais entusiasma a Corte. O espetáculo das faíscas, luzes piscando e choques elétricos é uma moda então disseminada por todas as cortes europeias, e o abade, que já tinha publicado uma obra sobre o assunto, adquiriu uma grande reputação neste domínio.

The Hall of Mirrors (1760), de Daumont, Jean-François (publisher)Palace of Versailles

Como conta o Duque de Luynes, no dia 13 de junho de 1746, na Galeria dos Espelhos de Versailles, Nollet forma cadeias humanas compostas inicialmente por 12, depois por 74 e finalmente por 140 pessoas, para compartilhar a experiência eletrizante do choque elétrico, conhecido na época como “comoção” elétrica.

Antoine Laurent Lavoisier (1743–1794) and His Wife (Marie Anne Pierrette Paulze, 1758–1836) Antoine Laurent Lavoisier (1743–1794) and His Wife (Marie Anne Pierrette Paulze, 1758–1836) (1788), de Jacques Louis DavidThe Metropolitan Museum of Art

Antoine-Louis Lavoisier (1743-1794)

Financeiro e Fazendeiro-Geral, ele se torna “comissário da pólvora”, mas também e sobretudo, químico de renome. Em 1784, faz parte de uma comissão nomeada por Luís XVI para estudar a prática do magnetismo animal com o médico Joseph Ignace Guillotin, o astrônomo Jean Sylvain Bailly e o embaixador dos Estados Unidos em França, Benjamin Franklin.

Ele é célebre por suas pesquisas sobre o fenômeno da combustão ou da oxidação rápida, descobertas que revolucionaram todo o conceito da química. Suas obras mais importantes são o Tratado Elementar de Química (1789) e o Método de Nomenclatura Química (1787).

Telescope of Dom Noël, from BnF collections (1701/1800), de engraved under the direction of Dom Noël e published by Basan and PoignantPalace of Versailles

Ótica

A ótica é a ciência de tudo o que é relativo aos olhos. Os gregos, Euclides, Heron de Alexandria e Ptolomeu, distinguem a ótica (a ciência da visão) da dióptrica (a ciência das lentes) e da catóptrica (a ciência dos espelhos). Durante o Renascimento, o desenvolvimento de novas lunetas astronômicas, telescópios e microscópios está na base de consideráveis revoluções científicas como a confirmação da teoria de Copérnico por observações com a luneta de Galileu.

Allegorical portrait of Louis XV, de Charles-Amedee Van LooPalace of Versailles

Retrato mágico de Luís XV

“Os que o irão ver poderão tomá-lo por ilusões ou prestidigitações de magia”, escreve Jean-François Nicéron (1613-1646), padre da Ordem dos Mínimos de Paris e um dos mais célebres inventores de jogos óticos.

Em sua célebre Obra A Perspectiva Curiosa, ou Magia Artificial dos Efeitos Maravilhosos da Ótica, publicada em Paris em 1638, ele descreve, no quarto volume, uma perspectiva dos “efeitos maravilhosos”: as anamorfoses dióptricas.

É este tipo de anamorfose “mágica”, revelando uma segunda imagem oculta, que é aqui utilizada por Charles-Amédée Van Loo em seu retrato oculto de Luís XV. Particularmente cultivados no século XVI, estes jogos visuais têm um sucesso crescente nos séculos XVII e XVIII, respondendo à paixão pela surpresa, pela ilusão e pela metamorfose própria da estética barroca, bem como à nova fascinação por fenômenos óticos.

O pintor representa no centro, com uma mão apoiada sobre o escudo branco com flor-de-lis, a alegoria da Magnanimidade rodeada das alegorias da Justiça do Valor Militar, da Intrepidez, da Virtude Heroica, da Virtude Invencível, representada por Minerva, e da Generosidade sob os traços de uma jovem. Como nos indica o próprio pintor em uma preciosa descrição de sua obra, “estas Virtudes concorrem para formar a cabeça do Rei”.

Com efeito, graças às leis da refração da luz, se o observador olhar para o quadro através de uma ocular com lente poliédrica, as faces da lente refratam porções específicas e calculadas das Virtudes representadas, as quais fazem aparecer, sobre o escudo central, o retrato do rei.

Allegorical Portrait of Louis XV (1762), de Charles-Amédée Van LooPalace of Versailles

Esta obra “fez muito ruído”, diz Van Loo. Apresentada no Salão em 1763 e exposta no estúdio do pintor no Louvre, ela suscitou a maior curiosidade: toda a Paris veio ver este prodígio da ótica que é depois levado para Versailles e apresentado à Marquesa de Pompadour e ao próprio soberano que “ficou satisfeito e muito satisfeito” com ele.

Experience of hot-air balloon by Mr Pilâtre du Rosier at Versailles, de Editor Esnauts & RapillyPalace of Versailles

Aerostática

Em 1783, Joseph Montgolfier descobre por acaso o princípio da aerostática, compreendendo que o ar quente é mais leve do que o ar frio e observando os fumos se elevando através da chaminé. É então realizada uma primeira experiência pelo cientista em Annonay, em Ardèche. Esta nova descoberta desperta a curiosidade da Corte, fazendo uma vez mais da ciência um espetáculo: a própria gravidade tinha sido dominada!

Experiência do aeróstato, chamado de Montgolfière, em Versailles, no dia 23 de junho de 1784

No dia 19 de setembro de 1783, o pátio do Palácio de Versailles foi invadido por uma multidão de 120 000 pessoas que vieram para assistir ao voo do balão dos irmãos Montgolfier, Joseph-Michel (1740-1810) e Jacques-Etienne (1745-1799). Graças a uma subscrição pública, é construído um “globo celeste”: em tela de algodão, ele mede 18,47 metros de altura por 13,28 metros de comprimento, pesando 400 quilos. Nesse dia, em presença do rei, da rainha e dos ministros, bem como de embaixadores vindos para a assinatura do Tratado de Paris, foi fixada uma cesta de vime contendo um galo, um pato e um carneiro (rebatizado para a ocasião com o nome de Montauciel) ao balão inflado com um fogo de palha. A embarcação aterrou a 3 quilómetros de distância do local.

Além do espetáculo, a demonstração procura outros propósitos. Por um lado, manifestar a política de apoio aos inventores e aos fabricantes: para os balões, existe um conjunto de manufaturas especializadas que participam como as fábricas de papel, de cola e de verniz, ácido sulfúrico, seda e outros têxteis. Por outro lado, a experiência revela o gênio inventivo de um país moderno.

The Marie-Antoinette hot air balloon (1784), de Nicolas-François Le Vachez PèrePalace of Versailles

A Montgolfière Maria Antonieta

Dois meses após esta primeira experiência, em 21 de novembro de 1783, Pilâtre du Rozier (1754-1785) e o Marquês de Arlandes (1742-1809) realizam o primeiro voo aerostático humano, viajando do Palácio da Muette até à Butte aux Cailles.

Créditos: história

Catherine Pégard, Presidente do Palácio de Versailles

Laurent Salomé, Diretor do Museu

Thierry Gausseron, Administrador-geral

Hélène Delalex, Conservadora do Patrimônio e Comissária da Exposição Virtual

Géraldine Bidault, Responsável da biblioteca fotográfica e da digitalização das coleções. Comissária da Exposição Virtual

Ariane de Lestrange, Diretora de Informação e Comunicação

Paul Chaine, Chefe de Serviço de Desenvolvimento Digital

Gaëlle Bertho, Coordenador da Exposição Virtual

Créditos: todas as mídias
Em alguns casos, é possível que a história em destaque tenha sido criada por terceiros independentes. Portanto, ela pode não representar as visões das instituições, listadas abaixo, que forneceram o conteúdo.
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