Colagem digital da editoria O funk é pretoInstituto Kondzilla
O Funk é Preto
A origem do Funk e suas interações com o movimento negro.
Som de Preto
Em 1970, chega ao Brasil o Soul Music, um ritmo com forte influência do jazz, gospel e do rhythm & blues botando todo mundo pra dançar e criando um movimento de contracultura nas favelas cariocas conhecido como Black Rio.
Turma do passinho se diverte em baile funk, de Anne Karr e FotogracriaInstituto Kondzilla
Miami Bass & "Uh-Tererê"
A década de 80 foi dominada pelo Miami Bass, um subgênero do hip-hop que virou febre lá fora e por aqui também. Mas foi nos anos 90 que a mistura do Miami Bass com a Funk Music e o batuque dos atabaques africanos deu origem ao Funk Carioca como conhecemos hoje.
Carioca Funk
Após a influência do Miami Bass, ainda faltava uma camada de swing brasileiro pro ritmo deslanchar. Foi aí que o beat deu uma acelerada, as letras mudaram, novas vertentes surgiram e o funk carioca se transformou no que é hoje, registrando sua marca na história.
Jovens conversam sobre as influências pretas no funk em comunidade no Jardim Ibirapuera, São Paulo, de Anne Karr e Marcos Vinicius (Atemporalboy)Instituto Kondzilla
Repressão ao Funk
Como tantas outras manifestações do povo preto, o funk sempre carregou a ferida da criminalização. O movimento foi e ainda é constantemente associado à violência, a ponto de toda sua produção ser questionada como expressão cultural.
Renata Prado, pesquisadora e dançarina de funk, posa com comunidade ao fundo, de Anne Karr e Marcos Vinicius (Atemporalboy)Instituto Kondzilla
O Funk é Preto
Patrimônio cultural de origem preta e periférica, o Funk é ferramenta de transformação social e econômica nas favelas de todo o Brasil. Funk é motivo de orgulho e ninguém tira isso do povo preto.
Colagem digital da editoria Beats e SamplesInstituto Kondzilla
Beats & Samples
Acompanhe os bastidores da produção de um funk.
Glau Tavares, produtor musical, em estúdio no Rio de Janeiro., de Anne Karr e Marcos Vinicius (Atemporalboy)Instituto Kondzilla
O VoltMix
No fim dos anos 80, um novo beat se tornou comum entre todas as produções musicais que explodiram na época: o VoltMix. Com sua batida dançante composta por graves estourados, o VoltMix encabeçou a era do tamborzão e trouxe uma pegada mais 'abrasileirada' pro funk.
A consagração do Atabaque
Era a vez dos atabaques africanos serem as grandes referências do funk carioca. As batidas do Congo de Ouro deram certo por aqui e inspiraram o famoso 'tchu tcha tcha tchu tchu tcha'. A originalidade que o ritmo precisava pra se popularizar.
Funkeira Deize Tigrona cantando em estúdio, de Anne Karr e Marcos Vinicius (Atemporalboy)Instituto Kondzilla
Evoluiu I, os subgêneros do Funk
Com a popularização do ritmo surgiram várias vertentes. Tem o funk consciente, que fala sobre a realidade nas quebradas e superações de vida. O funk proibidão, que escancara o conflito entre grupos rivais. O funk ostentação, que retrata a ascensão financeira da população preta.
Deize Tigrona e o produtor musical Glau Tavares, que segura um MPC, em estúdio no Rio de Janeiro, de Anne Karr e Marcos Vinicius (Atemporalboy)Instituto Kondzilla
Evoluiu II, os subgêneros do Funk
Mas não para por aí, o Brasil abraçou o funk e surgiram variações em muitas regiões, principalmente no Nordeste. O bregafunk, afrofunk, funknejo, trapfunk, mandelão e o funk rave são verdadeiras febres nas festas, nas ruas e nas plataformas de áudio.
O boom do 150 BPM
Durante muito tempo, o funk foi feito ao toque de 130 BPM, ou seja, 130 batidas por minuto. Em 2017, o DJ Renan da Penha, ficou conhecido por criar músicas com o ritmo mais acelerado que o comum, o famoso 150 BPM, onde o DJ é o protagonista.
Colagem digital da editoria Portando os KitsInstituto Kondzilla
Portando os Kits
As influências na moda e no design trazidas pelo Funk.
Portando os Kits
O kit, como é chamado no baile, é uma das maiores características de funkeiros e funkeiras. Ditam as tendências nas quebradas: roupas, tênis, óculos, jóias, corte de cabelo, e claro, o estilo pessoal de cada um.
Jovem negro sorri com a comunidade Jardim Ibirapuera ao fundo, de Anne Karr e Marcos Vinicius (Atemporalboy)Instituto Kondzilla
As Grifes
O funk revolucionou a presença das marcas nas ruas, muitas passaram a ter mais relevância após serem citadas nas letras. É o caso dos óculos Juliet, um dos itens mais importantes do kit, e as camisas de time europeu que são verdadeiros hits.
RPs são bem-vindas
Apesar das letras fazerem referências às marcas, não é tão simples e barato acessar roupas de grifes. As réplicas ou RPs são figurinhas conhecidas no guarda roupa dos funkeiros que subvertem a lógica da desigualdade: todo mundo pode ter a peça que quiser.
O Blindado
O corte é uma tendência que nasceu na região da Brasilândia, pelas mãos do Ariel Barbeiro e se alastrou pelas periferias de São Paulo. O topete autêntico dividido em mechas coloridas tem a fama de ser resistente e já virou até meme nas redes sociais.
Os Bailes e o Empreendedorismo da Quebrada
Os bailes são eventos que movimentam toda a economia local.
Os frequentadores investem na aparência, seja com um cabelo na régua ou unhas feitas. Os barbeiros, manicures, cabeleireiros, bares da quebrada geram renda e emprego graças a todo esse movimento trazido pelo funk.
Ventania nos Bailes
A presença dos guarda chuvas nos fluxos de São Paulo é uma realidade. Dentro do funk ele vem com um significado repaginado, as umbrellas, como são chamadas pelos funkeiros, são considerados verdadeiros artigos de luxo na capital paulista.
Jovens mostram o kit sentadas em motocicleta com fundo degradê, de Anne Karr e Marcos Vinicius (Atemporalboy)Instituto Kondzilla
A subversão dos kits nas mãos LGBTQIAP+
Os kits ainda são uma marcação entre o feminino e o masculino. As pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIAP+ e frequentam os bailes, subvertem essa lógica e usam os kits que querem.
Colagem digital da editoria PassinhoInstituto Kondzilla
Passinho
O Movimento do Movimento.
Passinho: o movimento do movimento
O Rio de Janeiro é o berço do passinho. O movimento surgiu no começo dos anos 2000 nas comunidades cariocas, tendo as primeiras referências diretas em 2006, quando o grupo Imperadores da Dança incluiu
o passinho no seu repertório.
O que inspirou o Passinho?
Tem molejo do samba, break, frevo, free step, kuduro, capoeira e até influência de artistas americanos como Michael Jackson, Bruno Mars e Usher. O passinho é a tradução ritmada de diversos códigos culturais, onde não há regras, nem certo ou errado.
Dançarina faz passinho e sorri em baile funk, de Anne Karr e FotogracriaInstituto Kondzilla
Desconstrução do Movimento
O passinho propõe um novo jeito de dançar funk, trazendo uma quebra na estética em relação às coreografias realizadas até então. Se antes, o que dominava o protagonismo da dança era o rebolado, com o passinho é a vez de romper essa ordem.
Viva Lacraia!
A precursora do movimento do passinho tem nome: a dançarina Lacraia, travesti negra, pobre e afeminada. Lacraia pavimentou o caminho para que artistas trans e drag queens explodissem no ritmo, criando espaços seguros para a diversidade de gênero e sexualidade nos fluxos.
Continue explorando o movimento
Conheça mais sobre a história do funk e de outros movimentos artísticos periféricos na série "Beat Diaspora", uma parceria KondZilla e YouTube Originals.