Placa de identificação do território (2014), de Luiz KetuMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
Vista parcial Quilombo São Pedro (2022), de Jan BrasilMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
O Quilombo São Pedro reúne 56 famílias, em uma área no município de Eldorado, no Vale do Ribeira, região sudeste do Estado de São Paulo que possui a maior concentração de Mata Atlântica do Brasil e que, desde 1999, é considerada Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO.
Amarrando ripas para parede pau-a-pique (2019-06), de Luiz KetuMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
Administrado pela Associação dos Remanescentes de Quilombo de São Pedro, o território é rico em sua biodiversidade, com rios e nascentes, e composto por construções em alvenaria, casas de pau-a-pique, casa de produção de farinha, capela, campo de futebol de várzea, bar, roças de coivara, horta comunitária e coleção de objetos. Avizinha-se aos quilombos Ivaporunduva, Galvão, Pedro Cubas, Pedro Cubas de Cima e ao Parque Estadual Intervales.
Barro para casa de pau-a-pique (2019-06), de Luiz KetuMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
COLETIVIDADE
Os quilombolas do território organizam festividades, como as Festas de São Pedro, no inverno, rodas de memórias e de histórias sobre as lutas para a conquista do direito às terras, além de torneios de futebol com os times feminino e masculino do Esporte Clube São Pedro.
Casa de farinha (2022), de Jan BrasilMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
Destacam-se pela formação universitária de seus jovens e adultos e pelo engajamento em movimentos, como o Fórum dos Povos e Comunidades Tradicionais do Vale do Ribeira, o Coletivo Mulheres Quilombolas na Luta, o Movimento dos Ameaçados por Barragem e o Grupo Cultural Puxirão Bernardo Furquim.
Horta comunitária (2022), de Jan BrasilMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
São igualmente engajados na Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos, na Cooperativa dos Agricultores Quilombolas do Vale do Ribeira, na Equipe de Articulação e Assessoria às Comunidades Negras, no Grupo de Trabalho da Roça, no Grupo de Trabalho Museu Quilombo São Pedro e na Feira de Troca de Sementes e Mudas Tradicionais das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira.
No caminho dos antigos | Indo para a roça (2020-02), de Luiz KetuMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
SISTEMA AGRÍCOLA TRADICIONAL QUILOMBOLA
Entre os saberes dos quilombolas do Vale do Ribeira está o Sistema Agrícola Tradicional Quilombola - SATQ, que desde 2018 é reconhecido como Patrimônio Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.
Roça de Coivara (2020-11-30), de Letícia FrançaMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
O Sistema Agrícola Tradicional Quilombola é caracterizado pelo ciclo da Roça de Coivara, que parte de um conjunto de saberes e técnicas de interação com todos os elementos da natureza e são passados de geração a geração, para alimentar todas as famílias da comunidade.
Queimada com aceiro (2020-11-30), de Letícia FrançaMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
Uma área fértil é escolhida para a derrubada da vegetação e preparada para a queimada.
No entorno é feito o aceiro para controle do fogo e a proteção da floresta. As cinzas da queimada contribuem para a nutrição do solo.
Em meio à floresta, roça, de Luiz KetuMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
Após seleção, sementes crioulas e mudas são plantadas.
A roça é cultivada de maneira orgânica até a colheita. Na sequência, outras espécies comestíveis são plantadas, de forma a se aproveitar ao máximo os nutrientes do solo escolhido e evitar a abertura de novas áreas. Posteriormente, o solo utilizado é deixado em repouso para regenerar a floresta. As áreas são utilizadas em rodízio.
Colheita de roça de arroz, de Luiz KetuMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
Os quilombolas trabalham na relação de compadrio, coletivamente, um ajudando o outro.
Paiol para guarda temporária da colheita na roça (2020-02), de Luiz KetuMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
DO QUILOMBO PARA A FAVELA
No período de maior impacto da Covid-19, a Cooperativa dos Agricultores Quilombolas do Vale do Ribeira implementou o projeto emergencial “Do Quilombo para a Favela” como alternativa de escoamento de 330 toneladas de produtos agrícolas orgânicos, diante o fim da venda dos produtos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, do Ministério da Educação.
Colheita (2016), de Luiz KetuMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo apoiou a iniciativa por meio de uma campanha de financiamento coletivo lançada no dia 30 de novembro de 2021, por ocasião do Dia de Doar, movimento global para promoção da solidariedade e a cultura da doação.
O projeto contribuiu com a alimentação de 42 mil pessoas durante a pandemia e amenizou o impacto na economia das comunidades quilombolas do Vale do Ribeira.
Exposição Roça é Vida (2023), de Henrique LuzMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
PARCERIA QUILOMBO SÃO PEDRO E MAB EMANOEL ARAUJO
Em 2017, o Quilombo São Pedro e a Associação Museu Afro Brasil iniciaram parceria que contribuiu com a preservação e a extroversão do patrimônio, da memória e da cultura dos remanescentes do Quilombo São Pedro, a partir de troca de experiências, conteúdos e procedimentos do campo museológico e cultural. Um dos resultados foi a exposição Roça é Vida, inaugurada no Museu Afro Brasil Emanoel Araujo em julho de 2023.
Exposição Roça é Vida (2023), de Henrique LuzMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
Inspirada nos livros “Roça é Vida” (2020) e “Na companhia de Dona Fartura: uma história sobre cultura alimentar quilombola” (2022), propostos, escritos e ilustrados por pesquisadores, educadores e artistas quilombolas e aquilombados do território, a exposição é composta pelos originais e ampliações das aquarelas que ilustram os livros, fotografias, objetos de uso cotidiano, objetos da coleção do quilombo, poesias, sementes crioulas e vídeo produzido especialmente para a mostra.
Rio São Pedro (2022), de Jan BrasilMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
QUILOMBO SÃO PEDRO | MODO DE SER E VIVER
Abaixo, confira o vídeo onde representantes do Quilombo São Pedro relatam as suas memórias e experiências a partir do Sistema Agrícola Tradicional Quilombola.
Quilombo São Pedro: Modo de ser e viver (2023), de Direção: Luiz Marcos de França Dias e Paulo PereiraMuseu Afro Brasil Emanoel Araujo
Associação dos Remanescentes de Quilombo de São Pedro
Associação Museu Afro Brasil
