Do MM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
MM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
Prédio Rosa em Construção (Century 19th), de Raimundo Alves CorreiaMM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
A História do Prédio Rosa
Para a construção de Belo Horizonte foram empenhados largos recursos financeiros, imensuráveis matérias-primas e numeroso contingente de trabalhadores. No entanto, mais que estes subsídios, o que se cristalizou nas ruas, avenidas, praças e edifícios da recém inaugurada Nova Capital do Estado de Minas Gerais, no dia 12 de Dezembro de 1897, foi o desejo de modernidade, espírito daquele tempo. Tal anseio foi alimentado por ciência e técnica, embebidas pela ideologia positivista, carro-chefe da Primeira República. Inúmeros componentes que remontam tal história estão presentes na Praça da Liberdade e no Prédio Rosa, cujas construções datam da época da fundação da cidade. Esta coleção de fotos apresenta alguns destes elementos enquanto signos de um projeto de sociedade que emergiu ao final do Século XIX. Ao longo dos mais de 120 anos de existência, estes dois espaços acompanharam as transformações sociais e culturais da cidade, presentes na evolução dos estilos arquitetônicos “neoclássico e eclético, da virada do século 19, ao pós-moderno”.
O edifício que abrigaria a Secretaria de Estado do Interior, o Prédio Rosa, foi inaugurado conjuntamente à cidade de Belo Horizonte, planejada para ser a Nova Capital de Minas Gerais, em 1897.
No ponto mais alto da região central foi erguida a sede do poder administrativo: uma praça chamada
Liberdade, cercada por suntuosas edificações neoclássicas, que reforçam os ideais republicanos.
Lateral do Prédio Rosa (Century 20th), de -MM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
A Nova Capital contou com serviços de energia elétrica desde a sua inauguração, em 1897. A iluminação pública indicava aspectos de modernidade e novos códigos urbanos para a vida social
da cidade.
A demolição das rocailles originais do jardim inglês da Praça da Liberdade e a adoção de novo estilo
paisagístico, mais moderno, reforçam o espírito de progresso e modernidade da cidade.
Fachada do Prédio Rosa (Century 20th), de Gine Gea RiberaMM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
A arquitetura da Nova Capital Mineira representava o desejo de ruptura com o passado colonial do país. Edifícios públicos imponentes simbolizavam os novos tempos da República.
Fachada principal do Prédio Rosa (Century 21th), de Jomar BragançaMM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
O Prédio Rosa
A fachada principal do Prédio Rosa apresenta importantes elementos da arquitetura neoclássica, simbolizando o Estado racional, técnico, organizado e forte - premissas do projeto republicano. As colunas emolduradas por arcos foram construídas com blocos de dolomito. Correspondem a um dos principais sistemas estruturais já inventados e remetem às antigas construções do Império Romano. A precisão geométrica da semicúpula representa a racionalidade, a ciência e a técnica. O frontão triangular também é oriundo da arquitetura greco-romana. Tal forma geométrica representa o equilíbrio e a estabilidade.
Semicúpula do Prédio Rosa (Century 21th), de Eduardo FrancischelliMM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
Inicialmente projetado para abrigar a Secretaria de Estado do Interior, a partir da década de 1930, o edifício passa a abrigar a Secretaria de Estado da Educação por mais de 70 anos.
A efígie da república, “Marrianne,” inserida no frontão em arco partido, e abrigada pela semicúpula, denota a natureza pública do edifício e a influência francesa na Primeira República brasileira.
Varanda frontal (Century 21th), de Eduardo FrancischelliMM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
A ordem coríntia, de origem clássica, apresenta exuberantes ornamentações, principalmente nas partes superiores das colunas, decoradas com delicadas folhagens de acanto.
Um conjunto de colunas com pinturas marmorizadas, de influência clássica, compõem a varanda do Salão Nobre, que tem vista para a Praça da Liberdade.
As fachadas restauradas utilizaram as mesmas técnicas da pintura original. As tintas foram produzidas com cal e pigmentos minerais de óxido de ferro e aplicadas com brochas, trinchas e pincéis.
Frontão triangular (Century 21th), de Eduardo FrancischelliMM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
O frontão triangular foi amplamente utilizado na arquitetura neoclássica com o intuito de representar
simetria, equilíbrio entre as formas e racionalidade técnica.
Detalhe de balcão com parapeito em ferro fundido (Century 21th), de Eduardo FrancischelliMM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
Elementos e estruturas feitas em ferro fundido foram amplamente aplicados em edificações de estilo neoclássico. O uso de materiais industrializados correspondia aos anseios de modernidade à época.
Detalhe da varanda frontal do Prédio Rosa (Century 21th), de Eduardo FrancischelliMM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
A geometria dos volumes neoclássicos é matematicamente construída. A varanda frontal, avançada em
relação à fachada, confere hierarquia, indicando a imponência dos ambientes internos subsequentes.
A Praça da Liberdade e seu entorno compõem conjuntos harmônicos e simétricos. As formas e volumes do paisagismo indicam a capacidade de construir novas paisagens, além do desejo de dominar a natureza.
Perspectiva do Prédio Rosa (Century 21th), de Jomar BragançaMM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
Intervenções Arquitetônicas no Prédio Rosa
A partir da década de 1970, o processo de urbanização de Belo Horizonte é intensificado no tempo e no espaço. A metrópole vivência em suas ruas maior heterogeneidade de habitantes e culturas. Essa sociedade, em rápida mudança, incorpora novos materiais, novas tecnologias e novas ideologias na produção do espaço urbano. Concomitante e entrelaçado a esse processo, a linguagem arquitetônica se transforma e modifica a metrópole, por vezes desmanchando o que é sólido ou preservando a identidade de um passado, mas sempre dando um novo significado ao presente. A intervenção arquitetônica projetada por Paulo e Pedro Mendes da Rocha atribui novos valores, significados e uso ao Prédio Rosa. A edificação tombada recebe, no ano de 2010, novos volumes de vidro e aço para abrigar o MM Gerdau - Museu das Minas e do Metal, adequando-se às atuais normas de acessibilidade e segurança e propondo novos ambientes de circulação de pessoas. A diferenciação entre os elementos novos e antigos da edificação é de percepção rápida, no entanto harmônica e branda, tendo em vista que os elementos usados dialogam e respeitam a construção histórica do Prédio Rosa, visto que o aço e o vidro proporcionam leveza, transparência e plasticidade às estruturas.
Em 2010, com a mudança da administração pública para a Cidade Administrativa, destinam-se novos usos para os edifícios da Praça. O Prédio Rosa recebe traços de uma arquitetura contemporânea.
Perspectiva do Prédio Rosa (Century 21th), de Jomar BragançaMM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
A integração entre o histórico e o contemporâneo se dá pelo diálogo estabelecido entre a fachada clássica preservada e os novos volumes de vidro e aço inseridos à edificação.
Vista parcial do Prédio Rosa (Century 21th), de Jomar BragançaMM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
Detalhes da Intervenção
As intervenções realizadas foram concentradas na parte posterior do antigo edifício e evidenciadas pela utilização de aço, na cor vermelha, e vidro.
Um pavimento novo, em forma de “U”, preenche o vazio existente entre os blocos originais da edificação. Assim, cria-se uma galeria que se comunica com os salões expositivos do antigo prédio.
Fachada posterior do Prédio Rosa (Century 21th), de Jomar BragançaMM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
As intervenções permitem que a memória da edificação original permaneça visível. Os blocos contemporâneos contém dois volumes de circulação vertical e um novo pavimento de cobertura.
Os sistemas estrutural e construtivo, bem como os materiais aço e vidro, destacam as diferenças temporais da edificação original.
Fachada posterior do Prédio Rosa (Century 21th), de Jomar BragançaMM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
Uma nova circulação vertical foi adicionada ao bloco posterior, dimensionada com vistas a um significativo aumento de público, face ao novo uso do Prédio Rosa.
Executada com estrutura independente, em perfis metálicos e fechamento em vidro, configura-se como
um elemento contemporâneo, transparente e anexo ao prédio existente.
A intervenção arquitetônica dá lugar a novos ambientes e espaços, dentre eles, um terraço de exposições ao ar livre - mirante que amplia a extensão contemplativa da Praça da Liberdade e da
metrópole.
Sistemas de Cobertura do Prédio Rosa
Os diferentes materiais utilizados nos sistemas de cobertura são marcadores temporais da edificação, indicando as transformações técnicas, científicas e estéticas ocorridas desde a sua construção. A semicúpula da fachada frontal é revestida por painéis de zinco. O bloco frontal é recoberto por telhas cerâmicas francesas, parte delas originais de Marseilles. O pátio interno, transformado em ampla praça de convivência, utiliza cobertura zenital em aço e vidro. Os blocos acrescidos utilizam aço na cor vermelha, evidenciando as intervenções contemporâneas.
As intervenções revelam possibilidades de diálogo harmônico entre passado e presente. A sequência de pirâmides seccionadas da cobertura amplia a estrutura e reinterpreta a modulação do vitral.
Cobertura do Prédio Rosa (Century 21th), de Jomar BragançaMM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
Realização: MM Gerdau - Museum of Mines and Metal
Patrocínio: Gerdau
Apoio: CBMM
Direção: Márcia Guimarães
Curadoria de Geociências: Andrea Ferreira
Coordenação de Museologia: Carlos Jotta
Coordenação de Comunicação: Paola Oliveira
Coordenação do Educativo: Suely Monteiro
Coordenação do TIC: Alexandre Livino
Curadoria da exposição "O Prédio Rosa: patrimônio, memória e arquitetura": Carlos Jotta, David Bruno, Guilherme Borges, Lucas D'Ambrósio, Luciana Miglio, Márcia Guimarães, Mateus Nogueira, Paola Oliveira e Suely Monteiro.
Pesquisa e textos: David Bruno, Guilherme Borges, Suely Monteiro
Traduções: Lucas D'Ambrósio, Luciana Miglio e Paola Oliveira.
Fotografia: Eduardo Francischelli, Eduardo Oliveira Costa, Gine Gea Ribera, Jomar Bragança, Leonardo Miranda e Raimundo Alves Correia.