Menire, a mulher Kayapó e o seu trabalho

Explore o intrincado trabalho artesanal das mulheres do povo Kayapó.

Produção do Aín (2018), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Nós trabalhamos muito. Vamos até o rio para lavar roupas e buscar água, buscamos alimentos e lenhas, preparamos os alimentos, cuidamos dos filhos, [...]

Trabalho diário

Nós trabalhamos muito. Vamos até o rio para lavar roupas e buscar água, buscamos alimentos e lenhas, preparamos os alimentos, cuidamos dos filhos, [...]

Pulseira de miçanca (2018), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Adornos

[...] produzimos pulseiras de miçangas para nossas festas e para as encomendas do Instituto Kabu e realizamos pinturas nas crianças, nos maridos e parentes. 

Mulher carregando saco de castanha (2019), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Fora da Aldeia

E ainda, em determinadas épocas do ano, passamos alguns meses coletando castanha-do-Brasil, tarefa que é compartilhada com toda a família, em que montamos acampamentos na Floresta e deixamos a aldeia para realizar a coleta dos ouriços que caem no chão.

Coleta do Açaí (2019), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Coleta de frutos

Além da coleta de castanhas, acessamos muitos outros recursos como frutas nativas, açaí (Kamêrêkàk), frutão (Kamôkti), cumaru (Kren Yky), jatobá (Môj), jenipapo (Mrôti), cacau (Kubenkrãti), Oxi (Krem) e outros, que se encontram nas matas.

Açaí no cesto (2019), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Construção do lar

Outra atividade, na nossa cultura, que é também de responsabilidade das mulheres é a cobertura do telhado das casas. Nossos maridos fazem as paredes e nós cobrimos o telhado com palhas.

Preparo do açaí nativo (2017), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

M`YJ NE BA ME IPÊJ NE - O que produzimos

Seguranto sementes de Cumaru (2019), de Débora SiqueiraMemorial dos Povos Indígenas

Renda essencial

Nós produzimos muita coisa, e uma parte da nossa produção ajuda na renda das famílias. Hoje em dia, a gente também precisa de recursos para ajudar na nossa casa e para comprar as coisas que precisamos para nós mesmas e para os nossos filhos.

Segurando sementes de Cumaru (2019), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Instituto Kabu

Nossa fonte de renda vem a partir dos projetos de cumaru, castanha e artesanato. Esses projetos são desenvolvidos pelo Instituto Kabu, associação criada pelos Kayapó Mekrãgnoti, que atende 09 aldeias das terras indígenas Baú e Menkragnoti.

Mulheres trabalhando com miçangas (2011), de Junio Esllei de oliveiraMemorial dos Povos Indígenas

Arte Kayapó

O projeto arte Kayapó nos ajuda no fortalecimento dos trabalhos com as miçangas e com a pintura em tecidos. Esse projeto vem sendo feito há mais de 09 anos.   

Segurando pulseira de miçanga (2016), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Organização comunitária

Já criamos muitos produtos novos como calçados, almofadas, bolsas, colares, brincos, quadros, vestidos, camisetas e outras coisas que ajudam a melhorar a nossa renda.   

Bananas (2019), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Divisão dos recursos

Mesmo com todo esse esforço, como somos mais de 300 mulheres em todas as aldeias, quando o recurso é dividido, cada mulher recebe apenas um pouco.

Retorno da roça (2012), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Visibilidade

Por isso, a gente vem conversando sobre como melhorar nossa renda e como fortalecer o nosso trabalho.  

Reconhecimento Kuben

A gente acha que se o Kuben (não indígena) conhecesse melhor nossa história de vida, nossa forma de produzir e o jeito que a gente faz o nosso trabalho, talvez os nossos produtos pudessem ter um preço melhor ou conseguir novos lugares para serem vendidos.

ME IJÔK - Nossa pintura

Mão segurando paleta de pintura (2019), de Jonatha AndradesMemorial dos Povos Indígenas

Ôk

Ôk, na língua Kayapó, significa pintura. Todas as mulheres da aldeia sabem pintar, pois aprendemos ainda na infância. A gente faz pintura para o rosto, para o corpo inteiro, peito, braços e pernas.

Moça da Aldeia Kawatum (2019), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Uma arte para cada uma

Nossas pinturas corporais são diferentes, dependendo da pessoa que é pintada. 

Moça da Aldeia Kawatum vestida com Ain (2019), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

E para todas as fases da vida

Existem pinturas para crianças, mulheres, para os homens, para os velhos, para mulher solteira e para o primeiro filho. 

Massa de Urucum (2015), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Para cada momento

Os motivos para a gente fazer as pinturas são bastante variados, sendo mais utilizados para festas de iniciação e de nominação, festa das mulheres e rituais diversos, como funerais, preparação para guerra, pesca, incursões na Floresta ou só para nos embelezar mesmo.

Mãos pintadas de Urucum (2015), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Pintura do rosto (2019), de Jonatha AndradesMemorial dos Povos Indígenas

Fruto do Jenipapo (2015), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Segurando frutos do Jenipapo (2017), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Pintura da Alpargata (2018), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Dedicação

A pintura dá muito trabalho, mas a gente gosta muito de fazer. Dependendo da pintura, leva muito tempo para fazer.    

Pintura do tecido (2016), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Outras rendas

Há pouco tempo, iniciamos o trabalho de pinturas em tecidos e isso é bom, porque também é uma fonte de renda. 

Pintura de mesa de madeira (2017), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Registro do ambiente

Nossas pinturas são desenhos que lembram os bichos, as plantas e tudo aquilo que está à nossa volta.

Mulheres da Aldeia Kawatum segurando pinturas (2019), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Inspiração

Existem pinturas inspiradas no casco de jaboti, couro de cobra, casco do tracajá, cabaça, casca de árvores, pegadas e rastros de animais, entre tantos outros. 

 

ME INHÕ ANGÀ - Nossas miçangas

Segurando miçangas (2016), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Mãos leves

Nós gostamos muito de trabalhar com a miçanga, para receber dinheiro para ajudar os nossos filhos. É o que a gente mais gosta de fazer, porque é mais leve. Não é pesado como a castanha e o cumaru.

Mão segurando pulseira de miçangas (2019), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

O que compramos?

A gente recebe o dinheiro para comprar roupas e chinelos para a gente e para os nossos filhos. Também compramos alguns alimentos como arroz, feijão, açúcar, café e temperos.

Criança segurando pulseira (2016), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

A cidade

Às vezes a gente vai na cidade comprar e quando não tem como ir, a gente pede para alguém que está indo. Se a gente tiver que ir ao hospital com algum filho, a gente aproveita para comprar prato, colher e fralda para as crianças.

Moça da Aldeia Kawatum (2019), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

O tempo das miçangas

O brinco a gente faz também, mas demora um dia para fazer cada par de brincos.  A pulseira mais fina leva 1 dia e a mais grossa, 2 dias para ficar pronta. O colar curto é feito em 1 dia e o comprido, em 5 dias.

Segurando pulseira de miçanga (2016), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Jeito peculiar

Nós gostamos de miçangas coloridas, quanto mais cores, melhor. Cada mulher tem um jeito de trabalhar e de fazer vários desenhos com as miçangas. Existem desenhos da nossa cultura, como jabuti e cabaça, mas também existem desenhos de time de futebol e outros, que também são bonitos.

AKATI JAKAM ME INHÕ PURU - Nossos Alimentos

Mulher Kayapó segurando milho tradicional (2016), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

A chegada da agricultura

Antigamente, quando não tínhamos contato com os Kuben (não indígena), nosso alimento era fruta, caça e peixe. A gente não tinha agricultura, mas contam os mais velhos que um dia uma estrela se transformou em mulher e ela trouxe do céu a mandioca e outros alimentos e nos ensinou a plantar.

Segurando batata doce (2019), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Agricultura familiar

Ter uma roça é muito importante. É onde trabalhamos com toda nossa família para abrir a floresta, queimar, roçar, plantar, cuidar da roça para o porcão não comer a plantação e depois ir colhendo, pois, cada alimento tem um tempo.    

Mulher segurando Babaçu (2019), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Divisão das tarefas

Na época de fazer a roça a gente trabalha muito, abre a roça, limpa, toca fogo e depois planta. Os homens fazem a abertura da roça e a queima é feita com a nossa ajuda. O plantio é tarefa de toda a família. Já a manutenção, a colheita e o preparo dos alimentos é tarefa das mulheres.   

Mulheres Carregando Porco do Mato na estrada (2019), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Caça

Nós temos muitos recursos nas nossas florestas e nos nossos rios, por isso não faltam alimentos. Temos muita caça, como porcão, veado, tatu, cotia, anta, mutum, arara, macaco e outros animais que servem como comida.

Mulher da Aldeia Krimej segurando peixe (2019), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Pescadoras

Os nossos maridos, filhos e genros que caçam, mas nós que preparamos esses alimentos. Hoje em dia já tem mulheres que pescam sozinhas ou em grupos, mas a caça é função dos homens.

Mulher da Aldeia Baú segurando cacho de Açaí (2019), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Cumaru na peneira (2015), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Castanhas e frutas

Além da caça e dos peixes, outros alimentos são coletados nas nossas florestas, como a castanha, o cumaru, o açaí e o babaçu, além de diversas frutas, como jatobá, o frutão, jenipapo, cacau, oxi e outras frutas.   

Frutos do Buriti (2016), de Alexandre MarinhoMemorial dos Povos Indígenas

MENIRE BI ÔK - A festa das mulheres

Dança das mulheres (2012), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Nome das filhas

Na nossa cultura existem muitas festas: festa de Anta, da Mandioca, do Bemp e muitas outras. Também temos a nossa festa, que na nossa língua é MENIRE BI ÔK – Festa das Mulheres. Essa festa é muito importante, pois é quando nossa filha recebe o nome verdadeiro. 

Preparativos

A festa é convocada pela avó da moça, que além de organizar, também escolhe o nome da criança. A duração da festa pode variar bastante, chegando a um mês ou mais. Os homens caçam e pescam, e as mulheres colhem a roça e preparam os alimentos para os participantes.   

Festa da mulheres (2012), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Os ensaios

As mulheres passam bastante tempo ensaiando as músicas e danças para se apresentarem no pátio principal da aldeia.Passam o dia realizando pinturas corporais, e nos dias de apresentação, as mulheres e a crianças homenageadas são enfeitadas com colares de miçangas e cocar.

O canto das mulheres

Durante o período da festa, as mulheres passam vários dias cantando na aldeia. Pode ser em diferentes períodos durante o dia: à tarde, pela manhã e de madrugada.   

Criança na festa das mulheres (2012), de Cleber Oliveira de AraújoMemorial dos Povos Indígenas

Encerramento

O encerramento da festa é realizado com a autorização da dona da festa, para que todos comam os alimentos.     

Créditos: história

"As imagens, o modo de fazer e os conhecimentos tradicionais presentes na exposição têm o objetivo de divulgar e salvaguardar o patrimônio material, imaterial e sociocultural do Povo Kayapó Mekrãgnoti. Os conjunto de imagens e informações aqui disponíveis, pertecem às comunidades envolvidas, e não podem ser replicados sem a autorização das mesmas". 

Créditos: todas as mídias
Em alguns casos, é possível que a história em destaque tenha sido criada por terceiros independentes. Portanto, ela pode não representar as visões das instituições, listadas abaixo, que forneceram o conteúdo.
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