Folha de Loureiro. Paleolítico Superior (Paleolítico Superior)Museu Nacional de Arqueologia
Um museu criado para reunir, conservar e mostrar o património arqueológico de um país
O Museu Nacional de Arqueologia resulta do empenho de José Leite de Vasconcelos em criar o Museu do «Homem Português».
É um dos mais importantes centros de investigação na área da Arqueologia.
O acervo do Museu Nacional de Arqueologia inclui artefactos desde a Pré-História ao século XX.
“Folha de loureiro” (ponta de lança) em sílex jaspoide zonado, hematítico. Solutrense. Paleolítico Superior.
As pontas de lança em forma da folha do loureiro são características do Solutense, uma cultura do Paleolítico Superior da Europa Ocidental (Península Ibérica e Oeste de França), que se desenvolveu há cerca de 20 a 18 mil anos antes de Cristo, durante o Último Máximo Glaciário. Destinadas a encabar em varas ou dardos de madeira (as mais pequenas talvez já também ponta de seta) e obtidas por retoque plano, invasor, bilateral e bifacial, elas constitui um dos mais conhecidos ex-libris do talhe da pedra durante a Pré-História Antiga.
Vaso com decoração cardial - Neolítico Antigo (5 º Milénio a.C. - Neolítico Antigo)Museu Nacional de Arqueologia
Vaso cerâmico com decoração impressa.
Neolítico Antigo.
5º Milénio a. C.
Santarém
Placa de Xisto Antropomórfica (Periodo Calcolítico)Museu Nacional de Arqueologia
Os túmulos megalíticos, chamados dólmenes ou antas, do Alto Alentejo, frequentemente construídos com grandes blocos de granito, são especialmente impressivos pela sua monumentalidade. Entre o seu mobiliário funerário, as placas gravadas constituem um dos ícones do megalitismo. Apresentam uma profusa decoração geométrica e segmentações interiores que evocam o corpo e a cabeça humanas, chegando a haver representações explícitas dos olhos e até silhuetas com braços parcialmente destacados . Em alguns dólmenes encontraram-se dezenas ou até mais de uma centena de placas, confirmando a natureza destes monumentos como sepulcros colectivos, próprios de comunidades agro-pastoris primitivas.
Placa gravada, em xisto, Megalitismo, Anta da Idanha-a-Nova. Tesouro Nacional Português.
Neolítico Médio/Final (4o ou 3o milénio a.C.)
Ídolo placa com representação antropomórfica (Período Calcolítico)Museu Nacional de Arqueologia
Placa de grés, decorada no reverso e bordos com faixas de ziguezague e, no verso, com uma representação figurativa antropomórfica, em que se destacam os membros superiores e mãos exageradas. Os olhos são obtidos por dois orifícios. Em relevo apresenta ainda tatuagens faciais que acentuam o carácter simbólico desta placa, única nas Colecções do Museu Nacional de Arqueologia.
Calcolítico.
Espadanal, Estremoz. Portugal
Conjunto de ídolos pinha (3000 - 2000 a.C., Calcolítico Inicial)Museu Nacional de Arqueologia
Conjunto de ídolos pinha ou alcachofra em calcário.
Calcolítico Inicial.
Artefacto votivo de calcário composto por uma parte superior de forma subcónica (cabeça) e por uma haste ou cabo de secção circular. A cabeça, de secção oval, é decorada por linhas incisas oblíquas e ondulantes que se cruzam, sugerindo uma pinha.
Tholos de São Martinho de Sintra e Necrópole de Carenque, Lisboa.
Braçal de arqueiro - Idade do Bronze Inicial (c. 1500 a.C. - Idade do Bronze)Museu Nacional de Arqueologia
Braçal de arqueiro criado em ouro laminado por martelagem.
Idade do Bronze.
Vila Nova de Cerveira, Portugal
Conjunto sepulcral (Séculos XIII a.C. - VII a.C)Museu Nacional de Arqueologia
Conjunto Cerâmico Sepulcral.
Necrópole de Ervidel. Aljustrel. Portugal.
Idade do Bronze Final.
Séculos XIII a.C. - VII a.C
Estela com escrita do Sudoeste (Séculos VIII a.C. - VII a.C. - 1ª Idade do Ferro)Museu Nacional de Arqueologia
Grande estela sepulcral em xisto, apresentando numa das faces uma inscrição pré-latina, a escrita designada por «escrita do sudoeste», datada dos séculos. VII a V a.C. e delimitada geograficamente pelo Baixo Alentejo e Algarve. Esta escrita aparece-nos maioritariamente sobre suportes de pedra, em estelas, bétilos ou lápide sepulcrais em clara conexão com contextos funerários de filiação cultural orientalizante, revelando o uso de fórmulas padronizadas, mais ou menos repetitiva. No Alentejo, verifica-se aliás uma das suas variantes, traduzida pela menor riqueza e diversidade de fórmulas funerárias.
Monte dos Nobres, Ourique. Portugal
Queimador ritual de incenso (Séculos IV a.C. - III a.C. - 2ª Idade do Ferro)Museu Nacional de Arqueologia
Queimador ritual de incenso. Vaso de janelas ou queimador, de forma troncocónica. Tem duas asas sobrelevadas . As aberturas, ou janelas, são triangulares e apresentam-se em duas fiadas horizontais e paralelas no bojo e uma no pé, que é alto e oco. No seu interior, há uma grelha solta e perfurada, para conter as substâncias aromáticas destinadas à combustão.
II Idade do Ferro.
Garvão. Ourique. Portugal.
Urna de orelhetas perfurada com tampo - Segunda Idade do Ferro (Séculos IV a.C. - III a.C. - 2ª Idade do Ferro)Museu Nacional de Arqueologia
Na Antiguidade, a cerâmica, ritual ou até de uso quotidiano, era muitas vezes usada como suporte para registar motivos da vida, animal ou humana, e para contar histórias.
Por vezes os vasos eram, eles próprios, moldados de modo a configurar motivos figurativos. É este o caso desta urna com decoração estampilhada e pintada. Tem uma forma antropomórfica. A tampa, de forma cónica, termina numa pega que representa uma cabeça, onde se reconhece um toucado em forma de leque.
Séculos IV a.C. - III a.C. - 2ª Idade do Ferro
Ara a Marte (Séculos I - II d.C.)Museu Nacional de Arqueologia
É sob a égide de Marte e ao "som da guerra" que os Romanos chegam à Hispânia, no contexto da II Guerra Púnica.
Em 218 dá-se o desembarque dos Romanos em Ampúrias e devagar vão sendo conquistados os principais núcleos urbanos do sudoeste da Península Ibérica.
No século II a. C. já está desenhada a primeira divisão administrativa da Hispânia.Data da década de 60 a. C. a passagem de Júlio César pelo governo da Ulterior e as importantes campanhas entre Tejo e Douro, ficando grande parte deste território sob domínio romano.
Em 27 a. C. fundou-se a colónia de Augusta Emerita (Mérida, Espanha).
A reforma administrativa de Augusto vem viabilizar uma progressiva romanização do território e a criação de centros urbanos polarizadores do crescimento. É entre 16 e 13 a. C. que a anterior Provincia Ulterior é dividida em Bética e Lusitânia, fazendo parte desta última genericamente a região compreendida entre o Rio Anas (Guadiana) e o Rio Douro. Augusta Emerita é a capital. A Lusitânia é dividida em três conventos: Emeritensis (Augusta Emerita/ Mérida), Scalabitanus (Scalabis/ Santarém) e Pax Iulia (Beja).
Garrafa de vidro com representações zoomórficas (Séculos III d.C. - IV d.C.)Museu Nacional de Arqueologia
Com a Romanização instalam-se novos hábitos, novas crenças e rituais religiosos, diferentes formas de explorar os recursos agrícolas, mineiros e piscatórios e implementam-se novas formas de organização do território.
Garrafa de vidro, do tipo Isings 104, com reservatório esférico e gargalo afunilado. O bojo apresenta decoração executada à roda por abrasão, composta por três medalhões circulares separados por elementos estilizados. Cada um dos medalhões tem, no seu interior, a representação de um animal: urso, touro e javali.
Campo da Trindade, Faro, Portugal
Estátua masculina (II d.C. - Época Romana)Museu Nacional de Arqueologia
Estátua masculina a que falta a cabeça, sobre um pequeno pedestal. Apresenta-se de túnica até aos pés com decote redondo e um manto largo envolve todo o corpo. Braços flectidos sobre o peito, a mão direita segura uma pomba e a esquerda um cacho de uvas. Pode tratar-se de um devoto ou de um sacerdote do Santuário de Endovélico apresentando oferendas à divindade.
S. Miguel da Mota, Alandroal. Portugal.
Mosaico dos Cavalos de Torre de Palma (Século IV d.C.)Museu Nacional de Arqueologia
Mosaico dos Cavalos
Os cavalos da Lusitânia tinham fama de ser muito velozes, afirmando Plínio, o Velho na sua História Natural que pareciam ser gerados pelo Vento.
Diz-se que na Lusitânia, em torno da cidade de Olisipo e do rio Tejo, quando o vento favónio sopra, as éguas, voltadas para ele, recebem o sopro de ar, e isto produz uma cria e deste modo se gera uma velocíssima, mas que não excede os três anos de vida. (Plínio, História Natural 8.67.166).
O Mosaico dos Cavalos foi encontrado na imponente villa de Torre de Palma, Monforte, Portugal, escavada entre 1947 e 1956, sendo dos séculos III-inícios do IV.
Mosaico das Musas. Mosaico das Musas. (Século IV d.C.)Museu Nacional de Arqueologia
Situado no triclinium (a sala de jantar) da Villa Romana de Torre de Palma, Monforte, o Mosaico das Musas era constituído por 11 painéis figurativos com temas mitológicos.
A grande originalidade deste mosaico das Musas resulta da sua associação à iconografia dionisíaca.
Afinal são as Musas que inspiram as três principais atividades do mundo do espetáculo dionisíaco: o teatro, a dança e o pantomimo.
Painel I (As nove Musas)
Painel II (Cena Báquica)
Painel III (Sileno e Sátiro)
Painel IV (Duas Ménades)
Painel V (Dois Membros do Tiaso)
Painel VI (Apolo e Dafne);
Painel VII (Hércules e Mercúrio)
Painel VIII (Medeia Infanticida)
Painel IX (Mégara e Hércules)
Painel X (Triunfo de Baco)
Painel XI (Teseu e Minotauro).
Carranca fontenária (101/199)Museu Nacional de Arqueologia
Carranca Fontenária Carranca fontanária em forma de máscara humana representando o rosto de um jovem. Mármore branco.
Villa Romana de Santa Vitória do Ameixial. Estremoz.
Capitel califal (X d.C. - Idade Média - Contexto Islâmico)Museu Nacional de Arqueologia
Quando, em abril ou maio de 711, Tarique atravessou o estreito de Gibraltar e desembarcou no promontório do Calpe, D. Rodrigo, o último dos reis godos, reinava na Ibéria e, cerca de três anos depois, os árabes dominavam a Península.
Vencido Rodrigo, o último rei dos Visigodos da Hispânia, na batalha de Guadalete, terminava o Reino Visigótico.
Al-Andalus era o nome que os árabes davam à Hispânia — termo que aparece pela primeira vez num dinar cunhado em 716
Capitel do período Islâmico da península Ibérica
Mármore branco
Silves, Portugal
Lápide funerária Islâmica (Séculos XII d.C. - XIII d.C. - Contexto Islâmico)Museu Nacional de Arqueologia
Este fragmento constitui a parte superior de um epitáfio.
Séculos XII-XIII.
Domina-a um arco ligeiramente apontado, em relevo, em que se insere o campo epigráfico. As lápides decoradas com o chamado "arco simbólico" são conhecidas na tradição peninsular, sobretudo o admirável conjunto de estelas de Almeria, do século VI da Hégira
Mármore branco.
Frielas, Loures, Portugal
Epitáfio latino do Bispo Julianus (991)Museu Nacional de Arqueologia
Deste período de ocupação islâmica mantêm-se, contudo, testemunhos de moçárabes, que, embora dominados pelos muçulmanos, viviam pacificamente na Hispânia respeitando a autoridade do Islão.
Bilha com decoração a "verde e manganés" (XI d.C. - Idade Média - Contexto Islâmico)Museu Nacional de Arqueologia
Bilha com decoração a "verde e manganés"
Século XI
Cerro das Relíquias, Giões, Alcoutim
Caldeirinha islâmica (XIV d.C. - Contexto islâmico)Museu Nacional de Arqueologia
Caldeirinha de metal. A presença de motivos florísticos - lótus e peónias estilizadas - nos medalhões denota influências orientais. O fundo da superfície está preenchido com minúsculos elementos fitomórficos em que surgem traços vigorosos e elegantes da escrita thuluth, permitindo situar este artefacto num conjunto de produtos de luxo realizados em meados do século XIV, no Egipto e na Síria dos Mamelucos.
Pia de abluções com inscrição árabe (c. XII d.C. - XIII d.C. - Contexto Islâmico)Museu Nacional de Arqueologia
Pia de abluções esculpida num bloco único de mármore branco.com inscrição da formula Bismillah: " Em nome de Deus Clemente, Misericordioso!...".
Cacela, Vila Nova de Cacela, Vila Real de Santo António, Portugal
Pimavera (Séc. XIX)Museu Nacional de Arqueologia
Das coleções etnográficas, atualmente em reservas ou apenas expostas temporariamente, merecem referência especial os núcleos da Religiosidade Popular, no qual se incluem os registos de santos, ex-votos ou painéis votivos, assim como os amuletos, a arte pastoril (colheres, cornas, polvorinhos), materiais de tecelagem, instrumentos musicais (de que se destaca uma sanfona do século XVIII), brinquedos, espécimes ligados à escrita e à arte de fumar, assim como faiança portuguesa dos séculos XVII a XX, de várias fábricas e épocas, e outros de alguns centros oleiros de que se mencionam os de Barcelos, Gaia, Caldas da Rainha, Mafra, Nisa, Estremoz, Redondo e Algarve.
Mulher a preparar enchidos. Figurado de Barro de EstremozMuseu Nacional de Arqueologia
Mulher a preparar enchidos. Figurado de Barro de Estremoz.
Galo de Barcelos (galo)Museu Nacional de Arqueologia
A dupla Galo e Galinha de Barcelos do Museu Nacional de Arqueologia demonstram um motivo tradicional e popular da cerâmica decorativa na cidade portuguesa de Barcelos e em toda a região circundante.
Desde meados do século XX, principalmente como propaganda política, o galo tornou-se um ícone da identidade portuguesa, para o artesanato popular.
Galinha de BarcelosMuseu Nacional de Arqueologia
A dupla Galo e Galinha de Barcelos do Museu Nacional de Arqueologia demonstram um motivo tradicional e popular da cerâmica decorativa nesta cidade portuguesa e em toda a região circundante.
Desde meados do século XX, principalmente como propaganda política, o galo tornou-se um ícone da identidade portuguesa para o artesanato popular.
Mofina Mendes (XX d.C.) de Manuel Gustavo Bordalo PinheiroMuseu Nacional de Arqueologia
Trata-se da representação de uma das mais conhecidas personagens de Gil Vicente, do Auto dos Mistérios da Virgem, que segundo Alice Vieira Santos, "Mofina Mendes é a mulher sonhadora, desastrada e até irresponsável, segundo alguns críticos, porque não cuida do rebanho do seu amo. O seu próprio nome, Mofina, pode ser traduzido por infelicidade, má sorte.
Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro
Caldas da Rainha. Portugal.
Século XX
Coordenação:
António Carvalho, Diretor do Museu Nacional de Arqueologia
Conceção e Textos:
Filomena Barata e Ana Caessa
(Museu Nacional de Arqueologia)
Outros textos de Apoio: Museu Nacional de Arqueologia. Matriz Net
Produção Digital: Filomena Barata e Thiago Carrapatoso
Bibliografia sumária:
ALVES, Francine, “O Labirinto no Mosaico Pavimental Romano”, Revista do Instituto de História da Arte 3, 2007, 40-51
(https://run.unl.pt/bitstream/10362/12471/1/ART_3_ALVES.pdf)
ABRAÇOS, Maria de Fátima, “Os mosaicos romanos descontextualizados: alguns exemplos em coleções de Museus Arqueológicos nacionais e estrangeiros”, in G. Filipe, J. Vale, I. Castaño (eds.), Patrimonialização e Sustentabilidade do Património: Reflexão e Prospectiva, Lisboa: Instituto de História Contemporânea, FCSH/UNL, 458-476
ABRAÇOS, Maria de Fátima, Para a História da conservação e restauro do mosaico romano em Portugal, Tese de Doutoramento, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Lisboa, policopiado
(http://www.patrimoniocultural.gov.pt/static/data/publicacoes/o_arqueologo_portugues/serie_4/volume_23/historia_conservacao.pdf)
FABIÃO, Carlos, "Os primórdios: sob o signo de Marte", A herança romana em Portugal. Lisboa: CTT, 2006.
GUERRA, A., Plínio-o-Velho e a Lusitânia, Lisboa: Colibri, 1995,
LANCHA, J., “À propos de quatre vues inédites (1947) de la mosaique des Muses de Torre de Palma, retrouvées en 2003 au Musée National d'Archeologie”, O Arqueólogo Português 22, 1983, 353-391
LANCHA, J., “As produções musivas na Lusitânia”, in A. Carvalho, J. M. Álvarez Martínez, C. Fabião (eds.), Lusitânia Romana. Origem de dois povos, Lisboa: INCM, 2016, 330-341
LANCHA, Janine, ANDRÉ, P., Torre de Palma: corpus dos mosaicos romanos de Portugal. Lisboa: Instituto Português de Museus e Missão Luso-Francesa, 2000, 157-213.
PÍNNIO. Natural History in ten volumes. Libri III-VII, vol. 2. London: William Heinemann/ Cambridge (Mass.): Harvard University Press, 1942 (Loeb Classical Library), p. 25.
RIBEIRO, José Cardim (coord.), Religiões da Lusitânia: Loquuntur saxa, Lisboa: IPM, 2002.
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