Caipira picando fumo (primeira versão/estudo)

A primeira versão de Caipira picando fumo entrou para o acervo da Pinacoteca de São Paulo em 1947, junto com outras 18 obras de Almeida Júnior transferidas do Museu Paulista.

No ofício enviado em 08 de março de 1947, o então diretor do Museu Paulista, Sérgio Buarque de Holanda, afirmou ter “a honra de entregar [à Pinacoteca] os trabalhos de Almeida Junior pertencentes à coleção do Museu Paulista, excetuadas as obras sobre assuntos históricos”. Este lote incluía trabalhos como a primeira versão de Amolação interrompida, Nhá Chica, O violeiro e O importuno.
Após o falecimento do artista, em 1899, muitas dessas pinturas, antes de entrarem para o museu, passaram pelos acervos de importantes colecionadores nacionais, que foram fundamentais não apenas para a valorização da obra de Almeida Júnior, mas também para o reconhecimento dos artistas brasileiros de seu período. Entre esses colecionadores, destaca-se Sampaio Viana, ex-proprietário da primeira versão de Caipira picando fumo e Amolação interrompida. Um influente mecenas que contribuiu significativamente para a promoção da obra do pintor, ele foi um dos idealizadores do grande leilão em homenagem a Almeida Júnior, realizado em 1900, um ano após a morte do artista. Neste mesmo evento estava a obra O violeiro, adquirida posteriormente por José Estanislau do Amaral, pai de Tarsila do Amaral.

Em 1939, após quase 40 anos em posse de sua família, Tarsila resolveu doar a pintura ao Estado de São Paulo, sob a condição de que a tela nunca saísse das terras paulistas. Assim, todas essas obras transferidas em 1947 do Museu Paulista para a Pinacoteca, passaram a compor o nosso acervo artístico.

Essas pinturas, acrescidas ao lote transferido do Museu Paulista em 1905 — que incluía mais quatro obras de Almeida Júnior (Leitura, Caipira picando fumo, Amolação interrompida e Partida da monção) — consolidaram a Pinacoteca como uma referência na obra do pintor ituano e na valorização das pinturas de gênero.

Desde então, a Pinacoteca tem recebido diversas doações de colecionadores particulares e pessoas próximas a Almeida Júnior, o que a torna a instituição pública com o maior conjunto de pinturas do artista, totalizando cerca de 50 de suas obras no acervo.
Ligia Kulaif Perroni
Núcleo de Acervo Museológico

-
Originally from Itu, in São Paulo, he enrolled at the Imperial Academy of Fine Arts in Rio de Janeiro in 1869, and received his highest award (gold medal) from that institution five years later. He returned to his native city in 1875, where he stayed for only one year thanks to a scholarship granted by Emperor Dom Pedro II to study in Europe. During his stay in the old continent, Almeida Júnior produced several iconic works of his career - as "Descanso do modelo" (1882) - and participates in various exhibitions in France and Italy. Back in Brazil in 1882, he set up his studio in São Paulo in the following year, where he portrayed various personalities of Brazilian society - such as Princess Isabel and, on another occasion, the Emperor D. Pedro II. The publication "Imprensa Ytuana", on April 27, 1884, describes how his work environment was: "His atelier -- if this little square room can be called that --, with low light and full of reflections -- it is equipped with a large number of studies, sketches and paintings, if each of them can't be considered a complete work of art (and some are) -- represents at least one stage of the artist's life, a moment of inspiration, an hour of joy, or one of profound study [...]. Today the artist paints the graceful, petulant, soft and rosy profile of a feminine head, tomorrow the angular forms -- so fond of Miguel Angelo -- of an old nude, almost an anatomical piece, covered in wrinkled yellowish parchment, with quick contrasts of light and shadow." He died, on account of a passion crime, on November 13, 1899, and is considered one of the most admired artists of São Paulo in the nineteenth century.