Em Autorretrato, Man Ray conta como, na época em que ainda morava num hotel, no fim de 1921, a marquesa Casati se apresentou a ele, desejando que fizesse o retrato dela. O sucesso desse retrato foi tão grande, que desencadeou uma enorme quantidade de encomendas e obrigou Man Ray a se instalar num ateliê de verdade. É possível que o conde Étienne de Beaumont, depois de ouvir falar de um fotógrafo artífice de “milagres”, tenha tido a ideia de fazê-lo vir a um de seus bailes, para fotografar todos os seus convidados. Provavelmente, foi graças a Jean Cocteau, amigo do conde desde 1914, que Man Ray conheceu aquele que era então um dos mais importantes mecenas da arte moderna; foi ele quem patrocinou Parada, em 1917, e O boi no telhado, em 1920. Os bailes do conde de Beaumont eram famosos por sua pompa, e todo mundo em Paris e todos os que se destacavam no mundo das artes se amontoavam neles. Os mais conhecidos certamente são o baile dos Jogos (27 de fevereiro de 1922), o baile do Mar (1928) e o baile dos Quadros Célebres (julho de 1935). Este retrato do conde Étienne de Beaumont realizado por Man Ray foi publicado duas vezes seguidas na edição inglesa da revista Vogue. Na mesma época, Beaumont divulgou na imprensa outro retrato seu completamente diferente, feito pelo barão de Meyer. Este o fotografou de pé, com um traje muito elegante, realçando sua grande estatura com uma espécie de claro-escuro muito requintado. O clichê provavelmente correspondia à imagem que o conde queria dar de si mesmo, pois ele é visto em todo o seu esplendor, arrogante, distante, inacessível. Em vez disso, a fotografia de Man Ray lhe confere uma imagem mais simples e mais “humana”.
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