Gregório Fortunato (1900-1962), o "Anjo Negro", chefe da guarda pessoal do presidente Getúlio Vargas, conversa com o major Enê Garcez dos Reis (1914-2000), chefe de pessoal da Presidência da República. Nascido em São Borja, Rio Grande do Sul, em 1900, Fortunato era filho de escravizados alforriados. Trabalhou como peão de gado nas fazendas da região e aproximou-se da família Vargas durante a Revolução Constitucionalista de 1932, quando lutou contra as forças paulistas na brigada militar comandada por Benjamin Vargas, irmão do então presidente Getúlio Vargas. A partir de 1938, passou a integrar a guarda pessoal de Getúlio, da qual logo se tornaria líder. A presença constante ao lado de Vargas quando este retornou à Presidência da República em 1951 lhe rendeu o apelido de "Anjo Negro", tirado do nome de uma peça do escritor Nelson Rodrigues. Em 1954, Fortunato e Benjamin Vargas foram acusados de serem os mandantes do atentado a tiros que feriu o jornalista Carlos Lacerda (feroz opositor ao governo) e matou o oficial da Aeronáutica que era seu motorista. Preso e condenado pelo crime, Fortunato morreu assassinado por outro detento numa penitenciária carioca, em 1962.