Em junho de 2013, um grupo de jovens roubou a cena nas redes sociais ao cobrir do chão as manifestações de rua contra o aumento das tarifas de transporte público. Conectados por computadores e celulares, trans¬mitiram diariamente e ao vivo os eventos que estouraram no país. De dentro das manifestações, os jovens ofereceram a milhares de especta¬dores novos pontos de vista de um mesmo acontecimento. O impacto foi tremendo. Em pouco tempo, a imprensa tradicional parecia um paqui¬derme defasado, incapaz de seguir o fluxo das notícias.
Como essas imagens, produzidas por aparelhos baratos e transmitidas em baixa qualidade, conseguiram disputar com as grandes empresas de mídia? Enquanto jornais impressos e televisivos manobravam caminhões, helicópteros e equipamentos full-HD para encontrar o melhor ângulo das notícias, os garotos entravam e saíam com desenvoltura da massa de manifestantes, acompanhavam cidadãos comuns e black blocs, comparti¬lhavam a emoção coletiva e expunham a arbitrariedade com que aqueles que reivindicavam seus direitos eram tratados pela polícia. Dia após dia, um novo link da Mídia Ninja estourava, gerando perplexidade e empatia.