Em 2014, um rapaz negro foi espancado e acorrentado nu a um poste no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro. A cena que denuncia nosso passado escravocrata foi registrada por uma mulher horrorizada com o ocorrido, mas chegou a ser saudada por uma âncora de tevê como exemplo de reação apropriada conduzida por cidadãos que sofrem com a omissão do Estado. Meses mais tarde, Fabiane Maria de Jesus foi assassinada numa praia do Guarujá, em São Paulo, depois de ter sido confundida com um retrato falado compartilhado nas redes sociais que acusava uma mulher de sequestrar crianças para praticar magia negra e bruxaria.
O Brasil ostenta números vergonhosos de casos de linchamento, muitos deles documentados e reproduzidos em fotos e vídeos. Perplexo diante desse quadro, o coletivo Garapa resolveu estudar essas imagens. Foram meses de trabalho excruciante pesquisando vídeos de linchamentos brasileiros no YouTube.