Inscrição: “SEM DEFEREMSA”, possível grafia quinhentista do português “sem diferença”; ou, como o propõe Ph. d’Arschot, do latim “Sem[per] de f[id]e rem[iniscar] sa[cramento]” (sempre me recordarei da fé através do sacramento).
O fundo rebaixado deste prato indica que poderia ser destinado aos ritos de lavagem/purificação ritual com água – designadas abluções – que ocorrem em determinadas celebrações cristãs. Faria, possivelmente, conjunto com um gomil.
Produzido por um ourives flamengo, a peça testemunha a recorrente presença de encomendas realizadas pelos madeirenses aos mercados da então Flandres (Países Baixos) durante os séculos XV e XVI.
No centro da peça, um medalhão representa o deus da mitologia romana Janus, o deus dos começos, das passagens, das transições que tem poder sobre o tempo, os começos e os fins. Por isso, surge representado com duas faces: uma voltada para o passado e outra para o futuro. Diz-se que o primeiro mês do ano “janeiro” tem origem no nome desta divindade.
Marca com punção de Antuérpia e marca de ourives.