Entre as primeiras realizações importantes de Man Ray no campo da moda, é preciso destacar aquela que promoveu seu sucesso e sua reputação internacional: em julho de 1925, na Exposição Internacional de Artes Decorativas, inaugura-se o Pavilhão da Elegância. Essa exposição foi organizada por Lucien Vogel, que pedira a André Vigneau, ligado à Maison Siegel, para criar manequins de madeira e cera, “estilizando, em cada uma de suas posições preferidas, a mulher de hoje. Coloridos de ouro, de prata, de vermelho egípcio, cinza, bege róseo, violeta ou rosa, de acordo com a imaginação do costureiro, esse manequins foram aceitos com entusiasmo por todos os grandes nomes da moda para a apresentação de seus modelos” (Vogue francesa, 1º de agosto de 1925). Enviado pela Vogue para o local, Man Ray mostrará “a pose familiar da parisiense, sentada com as pernas cruzadas [...], fielmente repetida por esse manequim vestido com um conjunto de crepe Georgette verde-oceano”. Essas imagens foram publicadas pelas três edições da Vogue (francesa, inglesa e americana), bem como na capa de La Révolution Surréaliste de 15 de julho de 1925. Foi justamente o trompe-l’œil de um manequim reproduzindo, de maneira idêntica, os gestos familiares da mulher que agradou aos surrealistas. À semelhança dos espartilhos fotografados nas vitrines por Eugène Atget, Man Ray fotografa aqui “a inquietante estranheza” de um manequim, a ponto de ser confundido com uma mulher.
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