Exposição temporária do Museu do Futebol "Futebol de Brinquedo" (2023-10-11), de Museu do Futebol | Foto: Ciete SilvérioMuseu do Futebol
Nas brincadeiras de futebol, qualquer pedaço de calçada ou mesa vira campinho e é possível ser craque mesmo sem saber chutar uma bola – na imaginação, é claro. Com alguns bonecos, botões e tabuleiros, é viável fazer campeonatos sensacionais.
Foi esse universo lúdico e analógico que o Museu do Futebol explorou na mostra temporária Futebol de Brinquedo, realizada de outubro de 2023 a abril de 2024. Nesta exposição virtual, apresentamos alguns dos destaques que estão em cartaz na nossa sede.
Brinquedo é para ser usado! Mas alguns acabam sendo guardados em coleções, intactos. Isso possibilita conhecê-los tempos depois de seu lançamento. Futebol de Brinquedo é uma exposição sobre o ato de colecionar, uma prática apaixonante repleta de histórias e que ajuda a preservar nossa memória coletiva.
Mini Craques Coca-Cola Trio Dunga, Ronaldo e Romário (2023-10-11), de Museu do Futebol | Foto Rogério AlonsoMuseu do Futebol
Um acervo de brinquedos relacionados ao futebol une três fascínios: a brincadeira, o colecionar e o futebol. Mais do que reunir objetos, trata-se de interagir ludicamente com o esporte em diferentes espaços e dimensões. Esses brinquedos são testemunhos de momentos históricos, de personagens e ídolos que marcaram época.
Sérgio Paz em sua residência (2023-10-11), de Museu do Futebol | Foto Dóris RégisMuseu do Futebol
Boa parte do acervo da Futebol de Brinquedo veio do colecionador Sérgio Miranda Paz. Corinthiano, engenheiro eletrônico, esforçado ex-lateral direito e assíduo frequentador do Estádio do Pacaembu. Parceiro do Museu do Futebol desde sua criação, Sérgio é um colecionador apaixonado por futebol. A seguir, você poderá conhecer a história de alguns dos objetos que fazem parte da sua coleção. Alguns o acompanham desde sua infância.
Brinquedos de uma infância cheia de imaginação
O padrinho de Sérgio era relojoeiro, o que permitia a ele criar times de botão a partir de tampas (de vidro ou de celuloide) dos relógios de pulso, além daqueles feitos com casca de coco e com botões de roupas. “A gente se divertia muito na escalação dos times”.
Chute Fulminante (2023-10-11), de Museu do Futebol | Foto Rogério AlonsoMuseu do Futebol
Chute Fulminante
Herança do primo mais velho, esse jogo fez companhia para Sérgio que, muitas vezes, acabava fazendo as vezes de jogador e adversário. Era um jogo de corrida, na mesma lógica de “Serpentes e Escadas”: ganha quem chegar primeiro ao final do percurso, da base ao topo. Após lançar o dado, cada jogador deve andar o número correspondente de casas. Se ele para na cabeça da cobra, deve descer o caminho até sua cauda, quantas casas forem necessárias. Quem chega à última casa, que é o gol, vence o jogo.
A roleta era jogada por Sérgio na base das apostas. A vantagem era que brincar fazendo apostas sem fim era vitória garantida!
Grangol: um clássico argentino em terras paulistana (2023-10-11), de Museu do Futebol | Foto Ciete SilvérioMuseu do Futebol
Um clássico argentino em terras paulistanas
Das grandes memórias que Sérgio carrega consigo está uma viagem para a Argentina, por volta de 1974 e 1975. Ele conta que ganhou o jogo Grangol como presente de Natal e que foi uma aventura carregar uma caixa com aquelas dimensões pelas ruas da capital portenha.
Ludopédio: o jogo perfeito para as férias de janeiro (2023-10-11), de Museu do Futebol | Foto Rogério AlonsoMuseu do Futebol
O Ludopedio de Sérgio Paz foi presente da avó, que, conhecedora do amor do neto pelo futebol, comprou o jogo em um supermercado da antiga rede Eldorado, em Santos. Em janeiro era a época que a família de Sérgio tirava férias no litoral santista, mesmo período em que os times dos clubes do país fazem contratações de seus principais jogadores. Para Sérgio, a sensação das férias era brincar de escalar sua equipe: “você se sentia como um cartola que montava o time para a temporada”.
Sérgio Colecionador
Desde a realização de seu Doutorado em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da USP, quando desenvolveu uma pesquisa sobre o potencial do futebol como patrimônio cultural, o olhar de colecionador de Sérgio ganhou vez e forma, ou melhor, muitas formas! Tornou-se frequentador assíduo de mercados de pulgas, como as feiras do Bexiga, do MASP e da Praça Benedito Calixto, em São Paulo, e dessas feiras e mercados vem parte dos objetos de sua coleção
Miniatura do Pelé (2023-10-11), de Museu do Futebol | Foto Rogério AlonsoMuseu do Futebol
Sérgio não se define como comprador assíduo, mas confessa que compartilha a paixão por Pelé, o que já o fez adquirir objetos relacionados ao Rei. É o caso de um boneco do craque produzido nos anos 1960, que vinha como brinde na cesta de Natal de uma empresa chamada Amaral.
Amante do futebol e de tudo relacionado ao seu universo, Sérgio também guarda outra paixão: a bicicleta. O amor é tanto que desde 1994 ele decidiu acompanhar os mundiais ao redor do Mundo sobre duas rodas. Sua coleção de mascotes da Copa começou em 1994, quando ele foi para os EUA acompanhar os jogos daquela edição do torneio. Desde então, não tem Copa que passe em branco.
Striker, a mascote da Copa do Mundo de 1994
Em 1998, na garupa da sua bicicleta, Sérgio acompanhou a Copa da França. Colecionador ainda iniciante, adquiriu a mascote daquela edição e deu de presente para sua mãe. Durante anos, sua mãe deixou o souvenir pendurado no vidro do carro, o que fez com que ele desbotasse e ganhasse marcas do tempo. O colecionador de hoje conta essa história entre risos e um tanto de arrependimento: “Na época, não tinha esse costume de colecionar...”
Footix, a mascote da Copa do Mundo de 1998
A mascote, um galo, símbolo da França, chama-se Footix, homenagem ao Futebol e a Asterix, famoso personagem francês de histórias em quadrinhos.
Nem só de mascotes se faz uma coleção
Este exemplar do personagem Snoopy, por exemplo, foi comprado quando Sérgio e sua bicicleta foram acompanhar o Mundial no Japão, em 2002.
Apaixonado pela Copa de 1970, Sérgio não deixa passar em branco os bonecos que aparecem na sua frente com uma bola no pé e/ou uma camisa verde/amarela. Criada especialmente para o Mundial de 1970, a bola Adidas Telstar ficou famosa com seus 12 gomos pentagonais pretos e 20 gomos hexagonais brancos. Além de garantir uma esfericidade perfeita, o contraste garantia uma melhor visibilidade na TV.
Scooby-Doo de azul e amarelo e bola nos pés (2023-12-29), de Foto Sérgio PazMuseu do Futebol
Sérgio continua interessado em obter novos itens para sua coleção. A aquisição mais recente foi um boneco do Scooby-Doo, adquirido em dezembro de 2023 na Feira de Antiguidades da Praça XV, no Rio de Janeiro.
"Ao longo destas últimas 5 décadas, meus brinquedos e bonequinhos inspirados no futebol estiveram guardados no meu armário, quase que escondidos, em segredo! Que satisfação que, nestes 6 meses, alguns deles estão compartilhados com os visitantes do Museu do Futebol! Ainda mais neste período em que a exposição principal está fechada. Se, algum dia, eu tive alguma dúvida se valia a pena guardá-los por tanto tempo, agora eu tenho a certeza de que SIM! Obrigado, MUSEU DO FUTEBOL!" - Sérgio Paz
MUSEU DO FUTEBOL
São Paulo, janeiro de 2024.
IDBRASIL CULTURA, EDUCAÇÃO E ESPORTE - Organização Social de Cultura gestora do Museu do Futebol
Conselho de Administração
Presidente - Carlos Antonio Luque
Diretora Executiva - Renata Vieira da Motta
Diretora Administrativa e Financeira - Vitoria Boldrin
Diretora Técnica - Marilia Bonas
Exposição "Futebol de brincar, futebol de colecionar: brinquedos, personagens e histórias dentro e fora de campo"
Curadoria: Centro de Referência do Futebol Brasileiro e Sérgio Paz
Textos: Fiorela Bugatti, Maíra Corrêa Machado, Renata Beltrão e Sérgio Paz
Revisão: Dóris Régis, Marcel Tonini, Renata Beltrão e Sérgio Paz
Metadados: Dóris Régis e Everton Apolinário
Montagem: Everton Apolinário
Tratamento de imagens: Hugo Takeyama