Igreja de Santa Engrácia - o mito e a história

Quatrocentos anos de construção valeram o adágio popular “Obras de Santa Engrácia” ao monumento que é hoje Panteão Nacional.

Infanta Dona Maria (1841) de Biblioteca Nacional de PortugalPanteão Nacional

A Infanta Dona Maria, devota da mártir portuguesa Santa Engrácia, mandou construir no último quartel do século XVI um templo dedicado aquela santa.

Busto-relicário (1595) de Autor desconhecidoPanteão Nacional

A escolha de Santa Engrácia para padroeira da nova igreja, é acompanhada pela execução de um relicário em prata que guarda as relíquias da Santa, que pertenciam à Infanta.

Desenho da primitiva igreja de Santa Engrácia (1883) de A. PedrosoPanteão Nacional

Da igreja primitiva, de uma só nave, edificada no final do séc.XVI, segundo traça do arquiteto Nicolau de Frias, apenas restam uma descrição vaga e um desenho.

Auto da Fé (1822) de Biblioteca Nacional de PortugalPanteão Nacional

Reza a lenda que em 1630, o jovem cristão-novo Simão Pires Solis estava enamorado de uma jovem fidalga mandada, pela família, para o Convento de Santa Clara, junto à igreja de Santa Engrácia.

Na noite do infame acontecimento, Simão rondava o convento na esperança de a ver e convencê-la a fugirem juntos. Detido e acusado do crime, Simão nunca denunciou o motivo que o levara a passar perto de Santa Engrácia, clamando apenas a sua inocência. Foi julgado pela profanação da igreja – crime temível naquele período histórico – e condenado à fogueira da Inquisição.

Injusta sentença de morte terá motivado a maldição sobre as obras de Santa Engrácia, condenadas a permanecer eternamente arrastadas no tempo.

Panteão Nacional - planta (s.d) de Autor desconhecidoPanteão Nacional

No séc. XVII, após o desmoronamento da primitiva igreja, o arquiteto João Antunes desenhou o projeto de um novo templo, de planta centralizada, em cruz grega, constituindo uma novidade no meio nacional.

Panteão Nacional (1851) de DGPCPanteão Nacional

O arrojado projeto barroco, da autoria de João Antunes, cuja construção teve início em 1682, permaneceu sem cobertura durante mais de um século.

Fábrica de calçado militar (1939) de Museu Militar de LisboaPanteão Nacional

Com a extinção das Ordens religiosas, em 1834, o templo de Santa Engrácia foi entregue ao Exército que o cobriu com uma cúpula em zinco e o adaptou, entre outras funções, a fábrica de calçado, equipando as forças militares, nomeadamente durante a Grande Guerra.

Vista geral do edifício do Panteão Nacional (1958-01) de Autor desconhecidoPanteão Nacional

Este era o estado do edifício em meados do séc. XX.

Largo dos Caminhos de Ferro (década de 60) de Autor desconhecidoPanteão Nacional

Vista da igreja de Santa Engrácia antes da construção da cúpula.

Projeto para a conclusão da igreja de Santa Engrácia (1956) de DesconhecidoPanteão Nacional

Em 1956 foram convidados vários arquitetos a apresentar propostas para a conclusão do edifício. Foi escolhida a proposta de Luís Amoroso Lopes, no entanto, a mesma sofreu várias e importantes alterações.

Igreja de Santa Engrácia (c. 1965) de DGPCPanteão Nacional

No início dos anos 60 do século XX e na ausência do projeto inicial de João Antunes, o regime politico, decide terminar o edifício e dar continuidade à lei de 1916, a qual determinara a adaptação do templo a Panteão Nacional.

Trabalhos no interior (c. 1965) de DGPCPanteão Nacional

Em pouco mais de dois anos, projetou-se uma dupla cúpula em betão, revestida de pedra lioz, restaurou-se o interior, rico em diversos tipos de pedra.

Panteão Nacional - trabalhos de construção da cúpula (1966-02) de Autor desconhecidoPanteão Nacional

Outra vista da construção da cúpula.

Santo António (2009) de Autor desconhecidoPanteão Nacional

Na mesma altura foi implementado o programa escultórico do edifício, executado por 2 importantes escultores portugueses.

Estátuas (1966) de Leopoldo de Almeida e António DuartePanteão Nacional

Estes escultores foram António Duarte (1912-1998) - estátuas da fachada principal - e Leopoldo de Almeida (1898-1975) - estátuas do interior do templo.

Campanha para a conclusão do Panteão Nacional (1966-04) de Autor desconhecidoPanteão Nacional

A igreja de Santa Engrácia - Panteão Nacional sendo visíveis os trabalhos na cúpula e na praça circundante do monumento.

Igreja de Santa Engrácia (c. 1965) de DGPCPanteão Nacional

Outra vista dos trabalhos na cúpula e na praça fronteira ao edifício.

Panteão Nacional - vista da fachada e praça fronteira ao monumento (1966-10) de Autor desconhecidoPanteão Nacional

Ao mesmo tempo que a cúpula se erguia e o interior do templo se restaurava, na zona envolvente do monumento criou-se uma zona pavimentada e uma escadaria de acesso à frontaria, que se adequava à monumentalidade do edifício.

Panteão Nacional de Autor desconhecidoPanteão Nacional

Vista da Igreja de Santa Engrácia – Panteão Nacional depois da conclusão dos trabalhos.

Toque para explorar

A Igreja de Santa Engrácia, apesar das vicissitudes da sua edificação, revela-se um notável projeto barroco, único em Portugal.

A obra de conclusão – terminada em 1966 – teve o mérito de resgatar o monumento ao abandono, adaptando-o de modo imponente, mas elegante, às suas funções de Panteão Nacional.

Créditos: história

- Direção-Geral do Património Cultural- Arquivo de Documentação Fotográfica (ADF) e Sistema de Informação para o Património Arquitectónico (SIPA).
- Arquivo Fotográfico, CMDI - Museu Militar de Lisboa.
- Biblioteca Nacional de Portugal.
- Patriarcado de Lisboa.

Créditos: todos os meios
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