Rostos de Abril

A Revolução de Abril de 1974 inicia uma época de democratização da cultura e sentimentos associados à liberdade de pensamento. A imagem surge como instrumento de registo e memória.

Propaganda política (1976) de Álvaro CampeãoArquivo Municipal de Lisboa

Álvaro Campeão / Fotógrafo

Entre a confusão visual dos cartazes e a dispersão urbana de automóveis e pessoas, vemos fotografias de um pulsar revolucionário que se prestam ao relato de uma época de contestação e vontade de mudar, anunciando uma intervenção no espaço público como meio de comunicação.

Muitos fotógrafos e artistas saíram à rua para captar imagens, intervir nas ações de rua com a construção de murais, a colagem de cartazes e a participação nas inúmeras manifestações que reivindicavam as mudanças necessárias à ordem social. 
As imagens revelam ações espontâneas sem critério estético, tão somente como documento de uma vivência há muito esperada.

Propaganda política (1976) de Álvaro CampeãoArquivo Municipal de Lisboa

A sociedade despertava para uma nova vida, plena de liberdade e os sentimentos de alegria e fraternidade foram partilhados por todos os que tornaram possível esta revolução.

Revolução de 25 de Abril de 1974: populares na rua (1974-04-25) de Ana HatherlyArquivo Municipal de Lisboa

Ana Hatherly (1929-2015) / Artista e poeta visual

Usou a sua máquina fotográfica de pequeno formato (126 mm e 35 mm) para retratar os ânimos da Revolução do 25 de Abril, repercutidos em vários momentos cronológicos, através de situações sociais de expressa efusividade, provando estar presente e muito próxima dos acontecimentos.

Caso República (1975-05-19) de Ana HatherlyArquivo Municipal de Lisboa

1º de Maio de 1974 (1974-05-01) de Sampaio TeixeiraArquivo Municipal de Lisboa

António Sampaio Teixeira (1911-1998) / Fotógrafo

Destacou os populares entre a confusão populacional das diversas manifestações, sendo a do 1º de Maio de 1974 a mais participada, em especial nas zonas da Alameda, do Areeiro e de Alvalade, na cidade de Lisboa.

A proximidade de anónimos e de figuras proeminentes da cultura, da comunicação social e da política prova o entusiasmo contagiante da Revolução e denuncia uma nova forma de viver a cultura, com um discurso acessível a todos e como um direito social.

1º de Maio de 1974 (1974-05-01) de António RafaelArquivo Municipal de Lisboa

António Rafael (1941-2006) / Fotógrafo

O fotógrafo pontua momentos estratégicos deste movimento coletivo,  na cidade de Lisboa,  relevando o Dia do Trabalhador, em 1974, no Parque de Jogos da INATEL. Sempre próximo dos populares em manifestação e atento às figuras políticas da intervenção.
A presença de outros com máquinas fotográficas representa bem o ambiente de participação na constituição de memórias vivenciais que atualmente se constituem como documentos históricos.

Rua de Lisboa (1970/1979) de Carlos GilArquivo Municipal de Lisboa

Carlos Gil (1937-2001) / Fotojornalista

Com as suas imagens torna-se interventivo e revela manifestações do impacto da guerra colonial e da descolonização, dando a conhecer o outro lado da Revolução. O seu olhar humanista desperta a consciência social para os problemas reais da população.

Revolução de 25 de Abril de 1974 (1974-04-25) de Jornal Diário de NotíciasArquivo Municipal de Lisboa

Jornal Diário de Notícias (25 de Abril de 1974)

O Arquivo Municipal de Lisboa/Fotográfico adquiriu em 1974, ao jornal Diário de Notícias,  um conjunto fotográfico ilustrativo do dia da Revolução, em especial dos locais de intervenção militar.

Caso Rádio Renascença (1975-06-18) de José Couto NogueiraArquivo Municipal de Lisboa

José Couto Nogueira (1945) / Fotógrafo

Acompanhou os movimentos do Partido Socialista e as manifestações populares de diferentes grupos, inclusive os mais conservadores, com registos dos principais acontecimentos da época, relevantes para a democracia conquistada.

Grupo de escritores na escadaria da Biblioteca Nacional de Portugal (1975-11-05) de José Couto NogueiraArquivo Municipal de Lisboa

Festa comemorativa do 10 de Junho (1974-06-10) de Ernesto de SousaArquivo Municipal de Lisboa

Ernesto de Sousa (1921-1988) / Fotógrafo

Nome incontornável do período pós-revolucionário, enquanto agente de intervenção e reformulador do conceito estético. Homem de inúmeros interesses, conseguiu conciliar os artistas e a expressão social e política numa “performance” que marcaria a arte contemporânea portuguesa.

Manifestantes (1974-05-01) de Ernesto de SousaArquivo Municipal de Lisboa

Mural de propaganda política (1976) de José Neves ÁguasArquivo Municipal de Lisboa

José Neves Águas (1920-1991) / Fotógrafo

Com uma vasta obra de fotografias documentais, o autor preservou a memória destas manifestações artísticas efémeras, que cobriam várias zonas da cidade, atualmente inexistentes, e só presentes na memória de alguns. O seu trabalho, em imagens a cores, conseguiu resguardar estas obras, por vezes contestadas, devido ao enunciado reacionário e força das mensagens, que conviviam com os lisboetas.

Cruzamento de São Sebastião da Pedreira (1974-04-25) de Luis PavãoArquivo Municipal de Lisboa

Luís Pavão (1954-) / Fotógrafo

Um jovem fotógrafo em 1974, captou momentos peculiares e as manifestações que o cativaram, acompanhando o frenesim revolucionário de Lisboa e de outros locais do país, com um evidente interesse pela força operária que se mostrou na praça do Comércio e em avenidas da cidade.

Manifestantes (1974-05-01) de Luis PavãoArquivo Municipal de Lisboa

Mural de propaganda política (1993) de Margaret MartinsArquivo Municipal de Lisboa

Margaret Martins (1938-) / Fotógrafa

Registou a longevidade das expressões criativas com mensagens de intervenção social preservadas nos murais da autoria conjunta de artistas e populares, testemunho temporal dos resquícios da Revolução de Abril, apologia de uma resistência por uma vida com condições dignificantes.

A Revolução conduziu a uma manifestação cultural convergente entre artistas e populares, num trabalho participativo e coletivo. Numa fração de tempo, a vontade de agir configurou o período pós-revolucionário e tornou-se numa diretiva.

A Revolução dos Cravos, como ficou conhecida, fez da flor, oferecida pelas floristas no próprio dia, o símbolo popular da união sentida por todos.

Créditos: história

COORDENAÇÃO
Helena Neves e Isabel Corda

TEXTOS E SELEÇÃO DE IMAGENS
Paula Figueiredo

PRODUÇÃO
Mariana Caldas de Almeida

REVISÃO
Maria José Silva

TRADUÇÃO
Claudia Tavares

EDIÇÃO DE IMAGEM
Bruno Ferro, Claudia Damas

Créditos: todos os meios
Em alguns casos, é possível que a história em destaque tenha sido criada por terceiros independentes, podendo nem sempre refletir as visões das instituições, listadas abaixo, que forneceram o conteúdo.

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