Arpilleras da Resistência Política Chilena

A arte como protesto contra a opressão

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

Uma visão plural da história

A exposição faz parte do projeto Marcas da Memória, da gestão do Ministério da Justiça em 2012. Essa iniciativa visa revisar a história por uma ótica além da estatal, dando assim um viés de pluralidade à leitura dos fatos que marcaram uma época.

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

As arpilleras chilenas

A arpillera é uma técnica têxtil que possui raízes numa antiga tradição popular iniciada por um grupo de bordadeiras de Isla Negra, localizada no litoral central chileno. A conhecida folclorista Violeta Parra ajudou a difundir este trabalho artesanal.

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

Uma colcha de retalhos

A diferença fundamental entre aquelas arpilleras e as que estão aqui expostas é que estas foram confeccionadas com retalhos e sobras de pano; – o bordado é só um acessório ao trabalho têxtil.

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

Reciclagem e criatividade

Assim como as arpilleras originais que as inspiraram, estas foram montadas em suporte de aniagem, pano rústico proveniente de sacos de farinha ou batatas, geralmente fabricados em cânhamo ou linho grosso. Toda a costura é feita à mão, utilizando agulhas e fios.

Painel em arpillera (2012)Biblioteca Nacional de Brasília

A arte rústica

Assim como as arpilleras originais que as inspiraram, estas foram montadas em suporte de aniagem, pano rústico proveniente de sacos de farinha ou batatas, geralmente fabricados em cânhamo ou linho grosso. Toda a costura é feita à mão, utilizando agulhas e fios.

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

Expressão de um povo simples

O tamanho dessas obras era determinado pela dimensão do saco. Uma vez consumido seu conteúdo, ele era lavado e cortado em seis partes, possibilitando assim que o mesmo número de mulheres bordasse sua própria história. A tela de fundo se chama arpillera, dando o nome a essa expressão artística popular.

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

Fuga da adversidade

Violeta Parra expôs uma série de arpilleras no Pavilhão Marsan do Museu de Artes Decorativas do Palácio do Louvre, em 1964. O trabalho dos bordados começou, quando uma hepatite afastou Violeta Parra de suas atividades habituais

Obra da exposição "Arpilleras da Resistência Política Chilena" (2012)Biblioteca Nacional de Brasília

Mais que o visual

Mas essas arpilleras de composições incomuns e coloridos imprevisíveis acabaram se tornando uma linguagem para poder transmitir histórias. A própria Violeta disse em entrevista: “as arpilleras são como canções que se pintam”

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

A arte da sobrevivência

Muitas arpilleras fazem referência aos valores consolidados da comunidade e aos problemas políticos e sociais que esta enfrenta. Tornaram-se uma forma de comunicar ao mundo exterior, no país e fora dele, o que estava acontecendo, e ao mesmo tempo, uma forma de atividade cooperativa e fonte de renda.

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

A voz dos oprimidos

Graças às arpilleras, muitas mulheres chilenas puderam denunciar e enfrentar a ditadura desde fins de 1973. As arpilleras mostravam o que realmente estava acontecendo nas suas vidas, constituindo expressões da tenacidade e da força com que elas levavam adiante a luta pela verdade e pela justiça.

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

Memória viva de triste história

Além disso, cada uma destas obras pôde quebrar o código de silêncio imposto pela situação então vivida no país. Hoje, são testemunho vivo e presente, e uma contribuição à memória histórica do Chile.

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

Natureza nos protestos

Esta arpillera segue as formas, técnicas e desenhos típicos da época. Com variados retalhos expressa uma ação de protesto não violento num subúrbio de Santiago. A Cordilheira dos Andes, o sol e o uso de personagens tridimensionais também são comuns nas arpilleras desse período.

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

O pouco que sobrou

Na elaboração desta arpillera foram utilizados retalhos de uma calça de cor cinza e de uma camisa quadriculada de um desaparecido, o que certamente lhe transmite uma poderosa carga emotiva.

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

Fornos de Lonquén

Esta arpillera dá vida, personaliza e nos aproxima da terrível luta dos familiares pela verdade e pela justiça no caso dos Fornos de Lonquén. As cores e a determinação das mulheres diante da repressão policial às suas reivindicações tornam ainda mais dura a percepção desta realidade.

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

Panelaço

Em muitas ocasiões, mulheres, homens e crianças faziam soar panelas vazias batendo nelas ritmicamente com colheres de pau e cantando: “Lucía, Lucía, a panela está vazia”. Esse estribilho, nascido da situação econômica precária dos setores sociais populares, era cantado em todas as jornadas de protesto organizadas contra a ditadura do general Augusto Pinochet, entre 1978 e 1990. Lucía era o nome da esposa do já falecido ditador.

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

A falta de acesso ao essencial

“Fecharam-nos todas as portas, ficamos sem educação, saúde, justiça e trabalho. Consequentemente, tivemos de sair com pás nas ruas para ganhar nosso sustento” (Testemunho de populares, em 1983).

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

Implorar ao vizinho

Esta arpillera representa a resposta dos pobres nesse período, aos quais se cortava o fornecimento de água potável para marginalizá-los e também para impedir suas saídas para protestar. Em desafio aberto, as mulheres desses setores saíam com seus baldes para os bairros de classe média para pedir água.

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

Arte para interagir

Esta arpillera é especial, pois utiliza uma técnica pouco comum, o uso de ‘portas’ que forçam o espectador a se aproximar e descobrir o que acontece em cada cena. Além do mais, o uso de pano de saco de farinha e um bolso com a história pessoal da autora é habitual na maioria das arpilleras confeccionadas a partir de 1974 e que ainda hoje são feitas em diferentes oficinas no Chile. A mensagem nos comunica as difíceis circunstâncias da artesã em seu contexto social e comunitário.

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Autora desconhecidaBiblioteca Nacional de Brasília

Tortura e protestos

Violeta Morales, criadora de uma arpillera muito marcante sobre a tortura. A população foi às ruas protestar contra os abusos da ditadura de Pinochet

Exposição Arpilleras Da Resistência Política Chilena (2012), de Violeta MoralesBiblioteca Nacional de Brasília

A obra de Violeta Morales

Esta impactante arpillera mostra pessoas sendo torturadas. Descreve graficamente a experiência da tortura testemunhada por sobreviventes entrevistados por Violeta Morales durante sua busca pelo irmão desaparecido, Newton. Mostra pessoas desumanizadas, sem traços individuais, passando por uma experiência coletiva e não pessoal, e dirigida expressamente contra determinado grupo de pessoas.

Arpillera (2012)Biblioteca Nacional de Brasília

A voz do povo

Esta arpillera demonstra e registra a participação política das populações marginais de Santiago do Chile. Depois de 17 anos de ditadura militar, a eleição democrática de um presidente democrata cristão é vista como um avanço na história política do país.

Créditos: todas as mídias
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