Por Fundação Calouste Gulbenkian
Texto de Lígia Afonso / Plano Nacional das Artes
Sarah Affonso passa a juventude em Viana do Castelo, norte de Portugal. As festividades, crenças e tradições do Minho, em particular as procissões, os arraiais, os bailes e os casamentos, tornam-se o pano de fundo de um imaginário idílico e quase mitológico onde, afirmava, “tudo são quadros à espera de pintores”. Affonso foi também marcada pela arte popular ali produzida, nomeadamente pelos brinquedos de figurado de Barcelos cuja representação integrava nas pinturas.
Retrato de Matilde (1932) de Sarah AffonsoFundação Calouste Gulbenkian
Retrato de Matilde, 1932
Óleo sobre tela
83,5 x 58,5 cm
Fundação Calouste Gulbenkian – Centro de Arte Moderna, inv. 83P637
De cores vivas e vibrantes, as suas obras, alegóricas e aparentemente ingénuas, são modernistas no tema, nas referências, na síntese das formas, no recorte das figuras e no rigor da composição. Intuitivamente etnográfico, o seu olhar interessa-se pelo primordial rural, pelos rituais dos pescadores, pela ocupação das mulheres e crianças, e desenvolve-se em desenho, bordado e cerâmica, mesmo com o abrandamento da produção da pintura após o seu casamento, em 1934, com Almada Negreiros.
Meninas (1928) de Sarah AffonsoFonte original: Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado
Meninas, 1928
Óleo sobre tela
92 x 77 cm
Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, inv. MNAC 1525
O retrato íntimo – de si, dos filhos, dos netos – assumirá uma enorme relevância no seu trabalho. Integrada num meio artístico essencialmente masculino, fará uma importante série de retratos dos amigos e companheiros de trabalho, numa linguagem formalmente sintética, mas com a densidade psicológica de quem entra “na pintura por emoção”.
Retrato de Tagarro e Waldemar da Costa (1929) de Sarah AffonsoFundação Calouste Gulbenkian
Retrato de Tagarro e Waldemar da Costa, 1929
Óleo sobre tela
73 x 59 cm
Fundação Calouste Gulbenkian – Centro de Arte Moderna, inv. 83P1109
O meu retrato (1927) de Sarah AffonsoFonte original: Coleção Particular
O meu retrato, 1927
Óleo sobre tela
50 x 40 cm
Coleção Particular
Saiba mais sobre a artista:
Sarah Afonso: Biografia do Centenario 1899-1999 | RTP Arquivos (em português)
Conversas sobre Sarah Affonso | Fundação Calouste Gulbenkian (em português)
Exposição «Os Dias das Pequenas Coisas» – Conversas Sobre Sarah Affonso | Museu Nacional de Arte Contemporânea (em português)
Seleção de obras apresentada na exposição Tudo o que eu quero: Artistas portuguesas 1900-2020, no seu primeiro momento no Museu Calouste Gulbenkian, no âmbito da programação cultural que decorre em paralelo à Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia 2021.
Exposição organizada pelo Ministério da Cultura de Portugal, Direção Geral do Património Cultural e a Fundação Calouste Gulbenkian, em co-produção com o Centro de Criação Contemporânea Olivier Debré, Tours e com a colaboração do Plano Nacional das Artes.
Curadoria:
Helena de Freitas e Bruno Marchand
Texto de Lígia Afonso / Plano Nacional das Artes
Seleção de recursos online Maria de Brito Matias
Conheça melhor as obras de Sarah Affonso apresentadas no contexto desta exposição:
Tudo o que eu quero: O Olhar e o Espelho