O Cortejo de Entrada em Lisboa de Monsenhor Giorgio Cornaro, em 1693 (Século XVII) de Autor desconhecidoMuseu Nacional dos Coches
Descubra o que torna este país tão singular
Enquanto umas das nações mais antigas na Europa, Portugal teve a sua génese em 1139. Desde 1297, altura em que os portugueses e os espanhóis assinaram um tratado que cedia o Algarve a Portugal, as suas fronteiras têm permanecido praticamente inalteradas. O primeiro rei, Afonso I Henriques, chegou ao poder em 1143, tendo o país permanecido um reino durante os 800 anos seguintes até 1910, altura em que se tornou uma república.
Portugal é um país especial repleto de caráter, peculiaridades e tradições que o moldam num local que acolheu 12,7 milhões de turistas só em 2017. Assim, se já visitou e explorou a sua rica história ou se ainda não desfrutou do seu clima solarengo, seguem-se dez curiosidades acerca de Portugal que mostram que ainda há muito a aprender sobre este país fascinante.
O português é o idioma oficial de 9 países
Tendo sido anteriormente um império global, não é de surpreender que o português enquanto idioma tenha viajado para lá das costas de Portugal. Na verdade, afirma-se que mais de 236 milhões de pessoas por todo o mundo são falantes nativos de português.
O português é o idioma oficial não apenas de Portugal, mas também do Brasil, de Cabo Verde, de Angola, da Guiné-Bissau, de Moçambique, de São Tomé e Príncipe e da Guiné Equatorial. O idioma também é falado em Goa, na Índia, em Macau, na costa sul da China, e em Timor-Leste, no sudeste asiático.
Lisboa quase foi destruída por um terramoto, seguido de um tsunami 40 minutos depois
A 1 de novembro de 1755, durante a celebração religiosa do Dia de Todos os Santos, às 9:40, Lisboa foi abalada por um monumental terramoto que quase destruiu a cidade. Os relatórios da época indicam que o terramoto durou entre três e seis minutos e criou fissuras com 5 metros de largura no centro da cidade. Aproximadamente 40 minutos após o terramoto, um tsunami engoliu a zona portuária e a baixa, continuando a subir pelo rio Tejo. Este evento foi tão rápido que as pessoas a cavalo tiveram de galopar o mais rápido possível para evitarem ser arrastadas. Posteriormente, seguiram-se mais duas ondas.
Para agravar a situação, as velas que tinham sido acesas por toda a cidade nas casas e nas igrejas para o Dia de Todos os Santos foram derrubadas devido ao terramoto. À medida que o tsunami recuava, a cidade começou a arder violentamente durante horas, asfixiando as pessoas até 30 metros de distância das chamas. Não é certo o número de pessoas que perderam a vida no desastre, mas acredita-se que os valores se encontrem nas dezenas de milhares. Perto de 85% dos edifícios de Lisboa foram destruídos, incluindo palácios e bibliotecas famosos, assim como a maioria dos exemplares marcantes da arquitetura manuelina do século XVI em Portugal. O terramoto teve igualmente um impacto económico e político. Após anos a desenvolver Lisboa como uma capital cosmopolita, esta foi completamente destruída num dia e demorou décadas a ser reconstruída e a tornar-se naquilo que é hoje.
Monsignor Giorgio Conaro's entrance procession in Lisbon in 1963 (From the collection of National Coach Museum)
Lisbon Earthquake (1850)LIFE Photo Collection
Lisbon Earthquake illustrations (From the collection of LIFE Photo Collection)
A livraria mais antiga do mundo está em Lisboa
Se viajar até Lisboa, a capital de Portugal, verá uma imensidão de livrarias independentes aglomeradas nas suas ruas de calçada portuguesa. Sendo uma nação de apaixonados por livros, não é de surpreender que a livraria mais antiga do mundo esteja situada na cidade. Datada de 1732, a Bertrand Chiado na Rua Garrett é a mais antiga livraria em funcionamento, um recorde oficializado pelo Livro Guinness dos Recordes em 2011.
A livraria original foi aberta por Pedro Faure na Rua Direito do Loreto. Este esperava que a sua livraria se tornasse num centro de eventos intelectuais e artísticos. Faure foi bem-sucedido, mas, em 1775, o Grande Terramoto de Lisboa praticamente destruiu a loja. Desanimado, Faure vendeu a livraria aos Irmãos Bertrand, que a transferiram temporariamente, tendo regressado 18 anos depois à zona da Baixa de Lisboa, onde foi reconstruída. Com o passar dos anos, a marca Bertrand tornou-se um nome nacional e é agora a maior cadeia de livrarias em Portugal, com mais de 50 lojas.
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Bertrand Chiado on Rua Garrett, Lisbon, Portugal
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Mais de metade da cortiça do mundo vem de Portugal
O sobreiro é uma das poucas árvores autóctones ainda existentes em Portugal e o país utiliza-o em seu benefício ao produzir 70% das exportações de cortiça do mundo. Os principais importadores de cortiça portuguesa são a Alemanha, o Reino Unido e os EUA.
Portugal possui o maior sobreiral do mundo, sendo atualmente ilegal o abate de sobreiros sem autorização do governo. Os sobreiros prosperam em Portugal devido à precipitação equilibrada, aos curtos períodos secos, aos invernos moderados e aos dias de sol que abençoam o país, criando as condições ideais para estas árvores.
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Nova Cortica Factory, São Brás de Alportel, Portugal
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A origem da tempura japonesa é atribuída a comerciantes portugueses
A tempura, os pedaços de vegetais e marisco fritos e panados são uma das muitas delícias gastronómicas associadas à cozinha japonesa. Porém, esta foi na verdade trazida por comerciantes e missionários portugueses no século XVI. A fritura foi uma das principais formas de cozinhar peixe em Portugal e Espanha durante centenas de anos, com receitas de peixe frito em massa de ovo a surgirem em livros de receitas árabes espanhóis já no século XIII.
Conta a lenda que, em 1543, um navio chinês com três marinheiros portugueses a bordo dirigia-se para Macau quando foi desviado da sua rota e acabou por ir parar à ilha japonesa de Tanegashima. António da Mota, Francisco Zeimoto e António Peixoto, os primeiros europeus a pisarem solo japonês, foram considerados "bárbaros sulistas" pelos habitantes locais. Contudo, os japoneses estavam no meio de uma guerra civil e, eventualmente, começaram a negociar com os portugueses, principalmente em armamento. Este negócio resultou na criação de um entreposto comercial português no Japão, tendo começado com armas de fogo e avançado, posteriormente, para outros artigos como sabão, tabaco, lã e mesmo receitas, incluindo obviamente a tempura, que rapidamente se tornou um produto de consumo básico.
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Os primeiros pastéis portugueses foram criados supostamente no século XIII por monges
Os pastéis de nata são a sobremesa favorita de Portugal e tem sido assim desde o século XIII, pois, segundo consta, foram criados por monges no Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa. Aparentemente, os monges tinham-se estabelecido em França quando se inspiraram na deliciosa pastelaria disponível. Precisavam de encontrar uma forma de utilizar as gemas dos ovos que sobravam quando as separavam das claras para obter a goma para a roupa, por isso, que melhor forma do que fazer pastéis de nata?
Após a Revolução Liberal em 1820, o mosteiro estava em risco de encerrar e, como tal, os monges começaram a vender os pastéis de nata a uma refinaria de açúcar nas redondezas. Em 1834, o mosteiro acabou por fechar e a receita foi vendida à referida refinaria de açúcar. Três anos depois, os donos da refinaria abriram a Fábrica de Pastéis de Nata de Belém, que continua a funcionar até hoje e é gerida pelos descendentes dos donos originais. Por isso, se estiver por perto, não perca a oportunidade de provar um (ou cinco) dos famosos pastéis polvilhados com canela antes de ir embora!
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Jerónimos Monastery, Lisbon, Portugal
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Pastéis de Belém, Lisbon, Portugal
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Portugal tornou-se o sexto país da Europa a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo em 2010
Felizmente, Portugal evoluiu bastante desde o tempo em que a homossexualidade era proibida e punível com pena de prisão durante o regime fascista do Estado Novo, embora seja importante notar que muitos outros países durante esse período também penalizavam as atividades entre pessoas do mesmo sexo. Quando Portugal legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em 2010, deu-se um grande passo a favor dos direitos LGBT.
Um ano depois, a lei entrou em vigor com a realização em Portugal de cerca de 380 casamentos entre pessoas do mesmo sexo e este número continuou a aumentar rapidamente desde então. Portugal foi o sexto país a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e está atualmente em décimo lugar num total de 49 países em todo o mundo pela sua posição no que se refere aos direitos humanos LGBT nas Classificações dos Países Arco-Íris da ILGA-Europe.
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Portugal tem o seu próprio género musical
O Fado é um tipo de canto português que remonta à década de 1820 e pode ser apreciado frequentemente em bares, cafés e restaurantes. É geralmente conhecido pela sua forma expressiva, bem como pela forte melodia. Normalmente, no fado, o intérprete canta sobre a dura realidade do dia a dia num equilíbrio entre a resignação e a esperança. Este sentimento pode ser descrito através da palavra portuguesa "saudade", que significa "anseio" e representa um misto de perda e melancolia.
O fado é habitualmente acompanhado por uma ou duas guitarras de 12 cordas, uma ou duas guitarras clássicas e, por vezes, uma pequena viola baixo de 8 cordas. Existem diferentes estilos consoante a zona de Portugal e, em 2011, o fado foi integrado nas Listas de Património Cultural Imaterial da UNESCO. Alguns fadistas famosos incluem Dulce Pontes, Carlos do Carmo, Mariza, Mafalda Arnauth e Amália Rodrigues (abaixo), a chamada "Rainha do Fado".
Amália Rodrigues de Silva Nogueira, Fotografia Brasil, LisbonMuseu Nacional do Teatro e da Dança
Amália Rodrigues (From the collection of Museu Nacional do Teatro e da Dança)
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