Mulheres artistas e seus autorretratos no acervo do Museu Nacional de Belas Artes

Autorretrato ou Le manteau rouge (1923), de Tarsila do AmaralMuseu Nacional de Belas Artes

No início da década de 1940, três mulheres artistas doaram ao Museu Nacional de Belas Artes seus autorretratos: Angelina Agostini, Georgina de Albuquerque e Regina Veiga. 

Autorretrato ou Le manteau rouge (1923), de Tarsila Do AmaralMuseu Nacional de Belas Artes

Igualmente figuram na coleção do museu, os autorretratos de outras artistas pioneiras no campo das artes plásticas como Tarsila do Amaral, Silvia Meyer, Zélia Salgado e  Djanira .
 
Conheça um pouco sobre a trajetória dessas artistas precursoras no seu campo de atuação.

Autorretrato (1915), de Angelina AgostiniMuseu Nacional de Belas Artes

Angelina Agostini

Destacou-se como pintora de nus e de retratos. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes, onde ingressou em 1906. Contemplada com o prêmio de viagem à Europa na Exposição Geral de Belas Artes de 1913, com a pintura “Vaidade” -que como seu autorretrato integra a coleção do museu.

Em 1921, expôs no Salon des Artistes Français. Entre 1924 e 1928 expôs no Salon da Societé Nationale des Beaux Arts. Em 1953 ainda participava do Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, tendo-lhe sido concedida naquele ano a medalha de ouro.

No contexto do ensino formal no campo das artes plásticas no Brasil, vale destacar, como observa Laura Abreu que

"a Escola Nacional de Belas Artes, templo do ensino oficial das artes, só passara a aceitar matrícula de alunas mulheres em 1892. Em data anterior a esta, as artistas só podiam estudar em ateliês particulares, reflexo do conservadorismo e da permanência de valores praticados em épocas passadas, e que ainda existiriam por muito tempo, em que o papel da mulher era praticamente reduzido aos afazeres e ocupações do lar".  

Autorretrato (1904), de Georgina de AlbuquerqueMuseu Nacional de Belas Artes

Georgina de Albuquerque

Matriculou-se, em 1904, na Escola Nacional de Belas Artes. 

Em 1906, casou com o pintor Lucílio de Albuquerque que havia recebido o prêmio de viagem ao exterior. Na França, estudou na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts  e na Académie Julian.

Tornou-se, em 1927, professora de desenho da Escola Nacional de Belas Artes, primeiro como livre-docente, depois como catedrática-interina e, finalmente, como titular. No período entre 1952-1954 exerce o cargo de diretora dessa escola, ocupado pela primeira vez por uma mulher.

Em 1927, definiu o resultado da sua criação artística como “impressionista”, que considerava “uma feição moderna, alguma coisa de novo em pintura. Foge inteiramente aos moldes preestabelecidos. É tudo quando há de mais movimentado, mais ensolado, menos calculado e medido [...].

Autorretrato (1941), de Regina VeigaMuseu Nacional de Belas Artes

Regina Veiga

Como Angelina e Georgina estudou na Europa. Retornou ao Rio de Janeiro, em 1916, quando realizou, na Galeria Jorge, uma grande exposição de sucesso nessa cidade.

Participou de vários Salões Nacionais e recebeu a medalha de bronze em 1913, a pequena medalha de prata em 1917 e a grande medalha de prata na edição de 1918. 

De acordo com a publicação “Pequena história das artes plásticas no Brasil”, de 1941, a artista era uma “figurista das melhores, pela firmeza do desenho invariavelmente correto e pela beleza que sabe imprimir a tudo que sai da sua fúlgura palheta”.

Autorretrato ou Le manteau rouge (1923), de Tarsila do AmaralMuseu Nacional de Belas Artes

Tarsila do Amaral

Iniciou seus estudos de desenho e pintura, em 1917, com Pedro Alexandrino, em São Paulo. Em 1920, viajou para Paris e ingressou na  Académie Julian.

Expôs pela primeira vez, em 1922, no Salon des Artistes Français

Em 1923, voltou a Europa e matriculou-se na Académie de André Lhote. Interessando-se pela pela arte moderna, frequentou os ateliers de mestres cubistas como Juan Gris, Brancusi, Picasso, Alberto Gleize e Leger.

Nesse mesmo ano, realizou o Autorretrato ou Le manteau rouge 

Esteve no Oriente Médio e na União Soviética, passando então a explorar, em sua pintura, os temas sociais iniciando a fase Antropofágica.

Autorretrato, de Silvia MeyerMuseu Nacional de Belas Artes

Silvia Meyer

Iniciou seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes oficialmente por volta de 1912.

Em 1946, em entrevista ao jornal A Noite, se define: 

“Sou um espírito inteiramente emancipado de preconceitos estéticos. Sempre fui rebelde às limitações das escolas. Estudei, é certo, pelos compêndios clássicos […]"


“Mas, depressa, libertei-me das cadeias da arte oficial que estandartiza e despersonaliza certas vocações. Pinto como acho que devo pintar. Cada instante, quero ser diversa, outra”. 

“Não me preocupam os cânones acadêmicos. Desejo permanecer eu mesma, enfim, com todas as minhas qualidades e defeitos”.

Autorretrato, de Zélia SalgadoMuseu Nacional de Belas Artes

Zélia Salgado

Em 1924, entrou para a Escola Nacional de Belas Artes. 

Após ganhar o Prêmio Caminhoá em 1930, viajou para a Europa. Em Paris, estudou com Isaac Dobrinski (desenho), Robert Wlérick (escultura) e Othon Friesz. No Brasil, recebeu orientação de Roberto Burle Marx.

Foi professora do Museu de Arte Moderna do Rio entre 1954–1959.

Suas esculturas são trabalhadas em pedra e metais diversos, notando-se em seus trabalhos uma linha expressionista entrosada no movimento da nova figuração.

Autorretrato (1946), de DjaniraMuseu Nacional de Belas Artes

Djanira

A paixão da artista pelo desenho nasceu aos 23 anos, período em que foi internada para tratar de uma doença pulmonar e fez uma aposta com seu médico que seria “capaz de fazer um desenho melhor que o Cristo existente na parede do hospital”. 

Em 1942, participou do Salão Nacional de Belas Artes, e no ano seguinte realizou sua primeira exposição individual. 


A partir de 1945, Djanira ficou dois anos nos Estados Unidos e estudou vários pintores como: Chagall, Miró e Leger. 

Ao retornar ao Brasil, Djanira reafirma, em entrevista a imprensa seu propósito: “de volta à minha terra pretendo viajar pelo Brasil, conhecê-lo melhor, e como meu destino é pintar, pintarei tudo o que encontrar”.

Djanira - acervo MNBA
Créditos: história

Mulheres artistas e seus autorretratos no acervo do Museu Nacional de Belas Artes

Idealizada especialmente para o Google Arts & Culture, 2023.

Créditos: todas as mídias
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