Mosteiro de Santa María la Real de Oseira

O Caminho de Santiago na província de Ourense é uma sucessão rítmica entre amplas paisagens de horizontes sem fim...

O estilo sóbrio da arquitetura cisterciense, que se manifesta sobretudo nas fachadas da igreja e do mosteiro, rendeu-lhe uma comparação popular com o mosteiro de El Escorial. Embora esses tipos de símiles sejam clichês banais, talvez este seja um dos mais justificados.

A enorme igreja da abadia, que sobreviveu aos nossos tempos com pequenos toques e principalmente adições decorativas, foi principalmente salva do incêndio do século XVI. A sua sóbria cantaria gótica é o paradigma dos postulados cistercienses sobre o rigor na arquitetura.

Toda a sua superfície é circundada por largas naves laterais, que circundam também a capela-mor, de forma arquitetônica denominada girola. Este circuito perimetral é considerado uma influência das igrejas de peregrinação, como a própria Catedral de Santiago.

A limpeza da cabeceira, com o altar separado da girola por colunas que permitem a ligação visual dos dois espaços, tornam este templo considerado uma das grandes obras-primas da arquitetura cisterciense medieval na Espanha.

Nesta parte da igreja se concentra a maior parte da decoração preservada, da qual se destacam as pinturas murais das abóbadas e da cúpula que recobre o transepto.

Mas Oseira é muito mais do que sua igreja. Todo o mosteiro é um grande festival de cantaria, como a imponente escadaria de honra, ao estilo herreriano, com os seus vinte e quatro degraus decorados com pontas de diamante.

Provavelmente a sala mais procurada por visitantes e turistas é a lendária casa capitular, com suas colunas retorcidas e suas abóbadas que lembram palmeiras devido à multiplicação de suas nervuras. Um espetáculo arquitetônico realizado com a extrema habilidade dos pedreiros.

A grande altura do claustro dos Pináculos, construído desde meados do século XVI para alojar celas individuais, nos lembra que era na altura o maior de todos os mosteiros galegos.

Nesses espaços do cotidiano, o gotejar da água nos leva, como um mantra, a ouvir o passado. Se prestarmos atenção, entre o silêncio da pedra poderemos discernir os passos dos monges que durante séculos habitaram este formidável mosteiro.