Noel Rosa: Sambas Que Dão História

Filho de Manuel de Medeiros Rosa e Martha de Azevedo, Noel de Medeiros Rosa nasceu em 11 de dezembro de 1910 no bairro carioca de Vila Isabel. O parto foi difícil, demorado, e o bebê teve que ser retirado a fórceps, deixando nele uma marca que, na época de escola, lhe rendeu o apelido de “Queixinho".

Como cantou no verso acima, de "Feitio de Oração", desde os tempos de estudante no Colégio São Bento, no Rio de Janeiro, Noel Rosa já fazia samba. Era colega de Carlos Alberto Ferreira Braga (o Braguinha), com quem mais tarde formaria (conjuntamente com Henrique Brito, Alvinho e Almirante), o conjunto Flor do Tempo, rebatizado, em 1929, de Bando de Tangarás.

Em 1931, Noel foi aprovado para a Faculdade de Medicina. Mas Noel não assistia as aulas e permaneceu apenas alguns meses na faculdade. Para a tristeza da família, mas para a sorte da música brasileira, Noel já sabia muito bem o que queria.

Compositor prolífico, Noel seguiu compondo e gravando dezenas de canções a cada ano. Pessoa amável, acumulava parceiros (Bide, Braguinha, Vadico, Cartola, Ismael Silva, Orestes Barbosa, Lamartine Babo etc.). Eclético, Noel compôs rumbas, valsas, marchas e sambas, abordando uma grande variedade de temas, dentre os quais um merece destaque: o cotidiano. Noel Rosa é aclamado por muitos como o maior cronista da música brasileira. (Na imagem, o registro profissional de Noel Rosa como cantor).

Noel contrai tuberculose, os médicos recomendam-lhe abandonar a vida boêmia e a cuidar melhor de sua saúde. Atendendo aos apelos da mãe e da esposa, Noel até que tenta, mas não consegue deixar a boemia. Foge escondido de casa durante as noites para encontrar os amigos e fazer música. Em seu último ano de vida, compõe sambas tristes e pujantes, como "Eu sei sofrer", cujos versos estão acima, e "Último Desejo".

Noel Rosa morreu no Rio de Janeiro, em 4 de maio de 1937, aos 26 anos de idade. Deixou mais de 250 canções reconhecidamente de sua autoria, e, seguramente, mais algumas dezenas cuja autoria vendeu (como era costume na época). Autor de clássicos do cancioneiro brasileiro, foi em "Feitio de Oração" que Noel Rosa eternizou a definição sobre a origem do samba: "O samba na realidade não vem do morro / Nem lá da cidade / E quem suportar uma paixão / Sentirá que o samba então / Nasce do coração".